João Santana autoriza PF a pedir restituição de conta ao Dropbox
O publicitário João Santana assinou documento nesta quinta-feira (10) autorizando a Polícia Federal (PF) a requisitar ao Dropbox, serviço de armazenamento de dados em nuvem, que seja restituída a conta vinculada ao e-mail dele que havia sido apagada no dia da deflagração da 23ª fase da Operação Lava Jato. O juiz Sérgio Moro apontou a extinção da conta como um dos motivos para decretar a prisão preventiva do marqueteiro.
No depoimento prestado à Polícia Federal nesta quinta (10), Santana e Moura optaram por permanecer em silêncio diante das perguntas da PF. Apenas ao fim da audiência João Santana pediu para fazer um esclarecimento sobre a eliminação da conta de Dropbox.
Ao justificar a decisão de manter presos Santana e a mulher, Monica Moura, o juiz Sérgio Moro apontou a necessidade de evitar destruição de provas. “Considerando a data da providência, a medida tinha a finalidade provável de impedir o acesso das autoridades policiais ao conteúdo armazenado em nuvem junto aquele endereço eletrônico”, consignou Moro.
Segundo o publicitário, a conta servia para compartilhamento de materiais de campanhas que a Polis, empresa do casal, produzia. A conta era utilizada por diversos colaboradores da empresa que atuavam em diversos países, explicou Santana.
Ainda conforme o marqueteiro, apesar de a conta estar vinculada ao e-mail dele, o real administrador é um colaborar chamado Marcelo Mascarenhas Kertesz, que mora nos Estados Unidos e coordenou criações de diversas campanhas eleitorais em que João Santana trabalhou.
João Santana disse que só soube que a conta havia sido apagada depois que Sérgio Moro decretou a preventiva, quando conseguiu confirmar que foi, de fato, Kerstesz que apagou a conta “por iniciativa própria” com a deflagração da 23ª fase. No depoimento, o publicitário disse que acredita que o colaborador tomou essa decisão por “excesso de cautela” e “sem nenhum dolo de destruir provas”.
“Talvez Marcelo tenha achado que as informações contidas na conta Dropbox eram sensíveis porquanto envolviam estratégias de campanhas relativas a clientes que são chefes de Estado”, afirmou João Santana, que à época da prisão trabalhava na campanha de reeleição do presidente da República Dominicana.
No Brasil, Santana foi responsável pelo marketing das campanhas de Dilma Rousseff em 2010 e 2014, e da reeleição de Lula em 2006. Ele e a mulher são investigados pela suspeita de terem recebido, por serviços prestados, valore com origem no esquema de corrupção da Petrobras.
Na explicação, o publicitário reconheceu que a extinção da conta poderia dar a impressão de que havia intenção de destruir provas, mas ressaltou que já tinha ciência de rumores sobre uma investigação contra ele há meses, a partir de divulgações feitas pela imprensa. “Não faria sentido apagar a referida conta de Dropbox apenas no dia da operação”, disse.
De acordo com a defesa de João Santana, o Dropbox mantém registros de contas apagadas por até 60 dias e, por isso, autorizaria a PF a buscar junto ao serviço a restituição da contas.
Perguntas da PF
A Polícia Federal protocolou, para conhecimento do juiz Sérgio Moro, os termos das audiências de depoimento de João Santana e Monica Moura – o juiz havia determinado que a PF ouvisse novamente os suspeitos presos.
João Santana se recusou a responder perguntas da PF sobre valores em espécie pagos pela Odebrecht no Brasil; sobre a relação dele e da mulher com Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht; sobre o apelido “Feira”; sobre compra de passagens aéreas dias antes da operação; sobre pagamentos feitos pela Shelbill (offshore do casal) no exterior; sobre operações de dólar cabo para trazer recursos ao Brasil.
Os policiais ainda questionaram se Santana poderia comprovar com documentos a indicação da Odebrecht e de Zwi Skornicki por clientes na Venezuela e Angola para a cobrança de pagamentos por serviços – versão apresentada por Monica Moura – mas o publicitário também não respondeu.
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