ArtigosNotícias

Os auditores devem ser corajosos e dizer a verdade

O que fazer quando se descobre uma fraude na empresa? E se os envolvidos forem da alta cúpula? A austríaca Angela Witzany, vice-presidente do Instituto Global de Auditores Internos e uma das maiores especialistas no assunto, esteve no Brasil recentemente e falou à DINHEIRO sobre os desafios para se combater os desvios de conduta corporativa, tema caro nesses tempos de petrolão.

Qual a melhor forma de se combater fraudes nas empresas?
É preciso desencorajar essa prática. O principal mecanismo para prevenir fraudes é ter controles internos eficazes e eficientes, no qual a auditoria interna avalia os processos.

Qual é o verdadeiro papel dos auditores internos?
A Estrutura International de Práticas Profissionais define a auditoria interna como uma atividade independente e objetiva de consultoria, desenhada para gerar valor e melhorar as operações de uma organização. Para isso, é preciso que os riscos sejam gerenciados de forma apropriada.

Quais são os erros mais comuns desses profissionais?
Um erro comum é a falta de conhecimento sobre a empresa. Os auditores internos não conseguem ser especialistas em todas as áreas da organização. Portanto, a formação de pessoal é essencial para o sucesso de uma auditoria interna. Outro erro comum é não acompanhar com rigor as ações definidas entre a auditoria e a direção. Partindo do princípio de que a direção está apoiando plenamente a função deles, os auditores devem exigir o cumprimento das ações no prazo e definir claramente as consequências quando isso não ocorre.

Como garantir independência aos auditores internos?
Permitir que a auditoria interna tenha acesso a todas as informações da empresa é a chave para essa independência. Os relatórios da auditoria são encaminhados à direção e ao comitê de auditoria, que deve exigir que haja essa autonomia. O acesso irrestrito do auditor deve ser aprovado pela direção como regra clara, assim como a definição dos procedimentos adotados caso surjam irregularidades. Isso contribui para deixar claro quais são as salvaguardas que protegem o auditor interno e, particularmente, a posição do chefe de auditoria interna.

Quando detecta uma fraude, a quem o auditor recorre dentro da empresa?
A abordagem depende da cultura e da ética comportamental estabelecida na empresa e, sobretudo, da relação que o chefe de auditoria interna tem com a diretoria executiva. Quando as operações anti-fraude envolvem a alta cúpula, tornam-se um desafio enorme para os auditores. Não podemos esquecer que, embora a auditoria seja uma função independente dentro da organização, todos os auditores internos são empregados e recebem salário da empresa.

A auditoria interna pode ser abafada pela direção da empresa?
O ponto-chave são os canais de comunicação dentro da organização, que vão garantir a liberdade do auditor. Mas os auditores internos também precisam ter postura na organização para conquistar a sua autoridade e ser ouvido.

Qual é a responsabilidade do auditor interno quando há algum escândalo?
A auditoria interna deve ter responsabilidades claramente definidas pela direção da empresa. Da minha experiência, o meu conselho é que os auditores sejam sempre corajosos e digam a verdade em todas as situações.

As auditorias externas são aliadas ou inimigas do auditor interno?
A responsabilidade principal dos auditores externos é rever as contas financeiras, enquanto a auditoria interna revê toda a organização. Eles podem se beneficiar mutuamente a partir do compartilhamento de informações. No entanto, a auditoria interna deve estar disposta a desafiar as declarações dos auditores externos. Além disso, o objetivo da auditoria interna é lidar com potenciais riscos antes de os auditores externos detectá-los na sua avaliação anual das contas financeiras.

Qual lição que a Áustria, referência internacional em auditoria e transparência, pode dar ao mundo corporativo?
É a necessidade de criação de códigos de condutas com regras éticas e padronizadas para as empresas e seus empregados. Na Áustria, isso existe em quase todas as organizações públicas e privadas.

O Brasil vive um momento de vários escândalos corporativos, nos setores público e privado. Qual a sua visão sobre o que ocorre no País? 
A situação é bem complexa. Infelizmente, não estou familiarizada com muitos detalhes da situação que ocorre no Brasil. Por isso, não posso opinar agora sobre o tema.

Leia mais em: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/economia/20160114/auditores-devem-ser-corajosos-dizer-verdade/332203

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.