Ex-diretor do Goldman é acusado de passar informação privilegiada
WASHINGTON – Reguladores federais acusaram um ex-membro da diretoria do Goldman Sachs de uso de informação privilegiada, dizendo que ele deu informações confidenciais para a figura-chave do que os promotores chamam de o maior inquérito já existente de informação privilegiada em fundos de hedge.
A Securities and Exchange Comission (SEC) anunciou as acusações contra Rajat Gupta nesta terça-feira. A SEC disse que Gupta avisou Raj Rajaratnam, fundador do fundo de hedge Galleon Group, que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, planejava investir US$ 5 bilhões no Goldman antes que isso fosse anunciado publicamente, no auge da crise financeira.
Gupta também é acusado de dar a Rajaratnam informações confidenciais de lucro do Goldman e da Procter & Gamble. Gupta trabalhou na diretoria do Goldman de 2006 até maio do ano passado. Ele era membro da diretoria da P&G de 2007 até renunciar hoje, depois que as acusações foram anunciadas.
Gupta era investidor em alguns dos fundos de hedge do Galleon quando ele passou a informação adiante, e tinha outros interesses empresariais com Rajaratnam, segundo a SEC. Rajaratnam usou a informação de Gupta para lucrar ilegalmente em operações de fundos de hedge, disse a SEC.
Promotores disseram que Rajaratnam gerou lucros de mais de US$ 50 milhões após obter informações privilegiadas sobre rendimentos de empresas públicas e planos para fusões e aquisições.
A informação do Goldman fez os fundos de Rajaratnam US$ 17 milhões mais ricos, segundo a SEC. Os dados da P&G criaram lucros ilegais de mais de US$ 570 mil para fundos do Galleon geridos por outros, disse a SEC.
A denúncia da SEC estabelece, em detalhes momento a momento, seus argumentos de como a informação privilegiada ocorreu. Ela nota a frequência com que os dois homens falaram em setembro de 2009, quando o Goldman estava negociando um contrato com a firma de investimento de Buffett.
Na época, Wall Street estava sofrendo com a falência do banco de investimento Lehman Brothers. O diretor executivo do Goldman, Lloyd Blankfein falou à diretoria do banco sobre um possível investimento da Berkshire em 21 de setembro. Nos próximos dois dias, os fundos de Rajaratnam compraram 120 mil ações do Goldman. Ele comprou um terço dessas ações enquanto estava no telefone com Gupta, disse a SEC.
O advogado de Gupta, Gary Naftalis, chamou as acusações de “totalmente infundadas”. O Goldman se recusou a comentar as acusações de terça-feira.
Rajaratnam se declarou inocente pelas acusações de fraude financeira. Ele alegou que transacionou somente em cima de informações que já eram públicas. Ele está programado para ir a julgamento na próxima semana em um processo que resultou em acusações criminais contra mais de 25 pessoas. Dessas, 19 se declararam culpadas das acusações, a maioria delas cooperando.
Se condenado, Rajaratnam pode pegar até 185 anos de prisão. Penalidades potenciais nos casos de informação privilegiada podem soar ameaçadoras quando os limites legais são empilhados. Mas elas podem diminuir drasticamente quando os casos são resolvidos.
Fonte: Associated Press, Valor Economico
