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Empresas disputam “sacolas substitutas”

j0438526Com o fim das sacolas plásticas no Estado de São Paulo, a indústria de embalagens, que emprega mais de 30 mil no país, já reage de duas formas: protesta e faz planos para se adaptar.

Em jogo está um mercado que, por ano, fabrica 14 bilhões de sacolas e fatura de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão.

Hoje, cerca de 30 das 200 empresas que fabricam sacolinhas plásticas têm pequena fatia destinada à produção de embalagens feitas a partir de matriz renovável.

É o caso da Extrusa Park, empresa que supre Jundiaí e Belo Horizonte com sacolinhas “biodegradáveis compostáveis”, feitas com tecnologia da Basf.

Eles saíram na frente ao apresentar, na feira da Apas (Associação Paulista dos Supermercados) do ano passado, um produto que agradasse mais aos supermercadistas do que a única alternativa existe à época, a “oxibiodegradável” (acusada de deixar partículas nocivas no solo).

Apesar de deter o monopólio do abastecimento de duas cidades que aboliram as sacolinhas, apenas 10% de sua produção é voltada às embalagens feitas com amido, até seis vezes mais cara. E a mudança de cenário assusta.

“Esse projeto para a indústria plástica não é positivo. Por mais que o faturamento unitário seja maior, não corresponde à perda de volume. Oferecemos a alternativa porque não temos outra maneira. Mas imagino que vá se reduzir o número de empregados e de equipamentos”, diz Gisele Barbin, gerente comercial da Extrusa.

Em Jundiaí, que baniu as sacolas comuns no fim do ano passado, as ecológicas vendidas nos caixas dos supermercados só ocuparam 5% do “mercado” -o resto foi preenchido por carrinhos de feira e retornáveis.

A Apas estima que o consumo anual de sacolas no Estado cairá 90%, para 258 milhões de unidades. Ou seja, o mercado irá diminuir muito.

“Eu diria que cerca de 6.000 empregos em São Paulo estarão em jogo. Gostaríamos de ser chamados para a discussão”, diz Alfredo Schmitt, presidente da Abief (associação da indústria de embalagem flexível).

DISPUTA

As embalagens oxibiodegradáveis (decompostas no ar) e as hidrobiodegradáveis (água) disputam o mercado que sobrar. Cada tecnologia encomenda estudos para parecer mais “verde”.

A oxibiodegradável leva 1% de um composto acusado de deixar resíduos poluentes no ambiente. Os defensores refutam. A vantagem é que sua produção custa de 6% a 7% a mais do que o plástico comum. Em Belo Horizonte, lojistas afirmam que pagam até 50% mais por elas.

Nos países que baniram as sacolinhas, houve redução da quantidade de papel e de plástico nas embalagens. Consumidores também passaram a usar menos sacolas.

“O consumidor vai querer usar bem aquilo que paga; vai levar muito menos sacolas para uma mesma compra, vai ter que levar a sacola retornável e se programar para as compras”, diz João Sanzovo, diretor da Apas.

A principal resistência, contudo, vem dos que usam sacolas plásticas para o lixo.

Com o fim das sacolas em Jundiaí, o consumo de sacos pretos cresceu em 20 toneladas. Mas estes já são produzido com plástico reciclado.

Países divergem quanto à proibição das embalagens

Enquanto alguns países têm apertado o cerco ao uso das sacolas plásticas, em outros o uso é liberado.

Nos EUA, por exemplo, não há uma regra nacional sobre o assunto, mas algumas cidades já tomaram medidas para impedir a proliferação das sacolas. A primeira a banir seu uso foi San Francisco, em 2007, seguida por Portland e Seattle.

Segundo a ONG Clean Air Council, os americanos usam 1 bilhão de sacolas plásticas por ano, e menos de 1% é enviado para reciclagem.

Embora seja um dos países mais avançados em uso e pesquisa de energias “limpas”, Israel engatinha quando o assunto é reciclagem de lixo e restrições às sacolas.

Há três anos, projeto de lei que proibiria o comércio de ceder sacolas plásticas foi aprovado no Parlamento, mas até hoje não foi sancionado, e as sacolas são fartamente distribuídas.

Nos territórios palestinos a situação não é diferente, e pouca gente leva sua própria sacola de casa.

Segundo estimativa do Ministério do Meio Ambiente de Israel, 430 milhões de sacolas plásticas são consumidas todo mês pelo varejo, o equivalente a duas por dia por habitante do país.

Em outros países, a situação não é muito diferente. Na Suíça, por exemplo, não há lei que proíba a distribuição das sacolas. Alguns supermercados é que tomaram a iniciativa de banir as sacolinhas, por conta própria.

Por outro lado, na Itália e na França só a distribuição de sacos biodegradáveis é autorizada. Para desestimular o consumo, Alemanha, Dinamarca, Irlanda, África do Sul, China e partes da Austrália proíbem a distribuição gratuita de sacolas.

Bangladesh proibiu as sacolas em 2002, após diagnosticar que o entupimento de bueiros por plástico foi o fator responsável pela grande inundação de 1998 no país.

Na África, estabelecimentos de Ruanda, Quênia, Tanzânia, Eritreia e Somália são proibidos de dar sacolinhas.

Fonte: Natália Paiva e Toni Sciarretta, Folha de S.Paulo

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

One thought on “Empresas disputam “sacolas substitutas”

  • Paulo Gigio

    A abordagem da reportagem foi muito oportuna. Estamos em uma cidade turística, e o estudo da proibição das sacolas plásticas convencionais está sendo verificado pelos órgãos competentes. O maior problema enfrentado no momento é justamente a aquisição das sacolas biocompostáveis, ou seja, aquelas que são produzidas a partir do amido, e que se transformam em húmus, CO2 e água. Atualmente, uma empresa detém este produto, ficando o custo para o consumidor final elevadíssimo. Estou certo de que em pouco tempo este monopólio seja quebrado, mas a busca de mais fornecedores confiáveis e escrupulosos é vital para a sustentabilidade, em particular ás embalagens plásticas. Para finalizar, entendo que a simples substituição das sacolas plásticas convencionais seria o primeiro passo para a população adotar a idéia de sustentabilidade, pois engloba muito mais que uma sacola plástica. A nova ordem mundial é RECICLAR, e para isso não temos muito tempo.

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