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Dívida em dólar de companhias brasileiras preocupa o governo

100 dolaresO governo está preocupado com o risco de exposição de empresas brasileiras à moeda americana, como ocorreu na crise de 2008. Naquela ocasião, o dólar barato levou muitas empresas e bancos a fazerem apostas, por meio de contratos de derivativo cambial, de que o movimento de apreciação do real seria contínuo.

Por causa da crise, sucedeu o oposto: o real sofreu forte e acelerada desvalorização. O movimento mostrou que grandes empresas exportadoras montaram posição de US$ 38 bilhões em derivativos. O prejuízo chegou a US$ 10 bilhões.

A preocupação do Banco Central é com as empresas e não com os bancos. Se o cenário internacional mudar repentinamente e a direção dos fluxos de capitais se inverter, o real pode sofrer nova depreciação. “Vamos continuar atuando, se for preciso, na dimensão da estabilidade financeira. Não do sistema financeiro porque ele é muito regulado em termos de exposição cambial, mas da economia como um todo. Se houver euforia, na hora em que a situação se reverter lá fora, para não ter surpresas, temos que ter uma estratégia de saída”, revelou ao Valor uma fonte graduada.

A estratégia do BC tem duas frentes. A primeira é continuar moderando a expansão do crédito interno, as captações externas e o comprometimento futuro em dívida em moeda estrangeira. A segunda frente é fortalecer os mecanismos de defesa do país em caso de uma nova crise mundial. “Na hora do ‘vamos ver’, isso pode dar um repique nas taxas e se tornar algo não palatável, como ocorreu em 2008”, disse a fonte.

O plano é ter um colchão de liquidez tanto em reais quanto em dólares. No primeiro caso, o BC dispõe hoje de mais de R$ 400 bilhões em depósitos compulsórios. Em 2008, antes da quebra do banco americano Lehman Brothers, pivô da crise, tinha R$ 270 bilhões. No front externo, o país possuía US$ 205 bilhões em reservas internacionais. Hoje, tem mais de US$ 330 bilhões. “[No caso das reservas], é mais ou menos a mesma proporção em termos de PIB – 15% -, mas mostra que não descuidamos dessa área”, observou a fonte.

Há fatores temporários e permanentes por trás dos fluxos de capitais. Na primeira categoria, está a política monetária das economias avançadas. Na avaliação do governo, essas economias não poderão trabalhar de forma permanente com taxas de juros reais negativas, como vêm fazendo, por exemplo, Estados Unidos, Europa e Inglaterra.

O “quantitative easing”, mecanismo pelo qual o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) compra títulos públicos para injetar dinheiro na economia, termina em junho. A partir daí, estão previstas apenas rolagens de posições. A dúvida é quando o Fed aumentará a taxa de juro, cuja meta está entre zero e 0,25% ao ano.

Se depender da economia americana, esse movimento pode demorar porque o mercado de trabalho continua sem reagir às medidas de estímulo e a construção de imóveis ensaiou recuperação, mas voltou a cair. No início do ano, o Fed estimava que o PIB dos EUA cresceria entre 3,5% e 4% em 2011. Essa previsão está sendo revisada para baixo.

Do lado dos fatores permanentes que explicam os fluxos de capitais, está o diferencial de crescimento entre as economias emergentes e as avançadas. O governo brasileiro trabalha com a hipótese de que, mesmo num cenário de moderação das emergentes, elas continuarão crescendo mais, mantendo-se como polos de atração de capitais.

“Por mais que todos os emergentes tenham um ciclo de aperto, o seu crescimento vai ser maior porque as economias maduras têm a ressaca fiscal para lidar”, observou uma fonte. “Esse diferencial de crescimento atrai capitais. É um ‘pull factor’ (fator de atração).”

O governo avalia que os preços das commodities, outro fator que pressiona a taxa de câmbio no Brasil, tendem à acomodação, com risco de baixa, o que, por sua vez, provocaria desvalorização das moedas dos países exportadores. Técnicos oficiais não acreditam que os preços repitam este ano o movimento de subida verificado no fim de 2010.

A correlação entre preços de commodities e taxa de câmbio no Brasil é grande. Quando os primeiros sobem, o real se aprecia; quando caem, o real perde valor. “Embora nossa economia seja diversificada, já vem de algum tempo que o real é identificado lá fora como uma ‘commodity-currency’ [moeda cujo valor depende das exportações de commodities], como o dólar australiano e o dólar canadense”, explicou um técnico.

Fonte: Cristiano Romero, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.