Cresce inadimplência em fundos do BVA
O crescimento dos créditos com pagamentos em atraso nos fundos de recebíveis lançados pelo Banco BVA, sob intervenção do Banco Central desde 19 de outubro, já começou a impactar as cotas seniores, adquiridas pelos investidores no mercado.
O valor da provisão para perdas com inadimplência em pelo menos três Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) – o BVA Master, II e III, que têm como lastro carteiras de crédito do banco -, já superou o valor das cotas subordinadas, que são detidas pelo BVA e são as primeiras a absorver as perdas em caso de inadimplência, informou o Citibank, administrador dos fundos, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
As parcelas com pagamentos em atraso nos FIDCs BVA Master e BVA Master II chegavam a 62% e 61% do patrimônio dos fundos em dezembro, que somavam juntos R$ 95,707 milhões, ultrapassando o percentual de cotas subordinadas que era de 42,3% no fundo BVA Master e de 31,3% no BVA Master II no final de novembro.
No caso do BVA III, os créditos em inadimplência representavam 53% do patrimônio do fundo, de R$ 111,398 milhões, percentual superior à participação das cotas subordinadas, detidas pelo BVA, cujo valor representava 29,1% do patrimônio no final de novembro.
Além do atraso no pagamento de alguns tomadores dos créditos, constituídos principalmente por empresas de pequeno e médio portes, foi verificado que o BVA, também o agente de cobrança desses créditos, não repassou parte dos pagamentos devidos aos fundos. Esses recursos passavam por uma conta do banco antes de serem enviados para os FIDCs.
Segundo o Citibank, o valor da provisão poderá ser revertido quando os pagamentos forem efetivamente recebidos.
Além dos fundos citados acima, o banco ainda possuía mais dois FIDCs, o Multisetorial Itália e o Multisetorial Vitória.
No caso do FIDC Itália, os créditos em atraso representavam 13,46% do patrimônio em dezembro, que somava R$ 311,305 milhões de patrimônio.
Já os cotistas do FIDC Vitória aprovaram a liquidação antecipada da carteira em dezembro. O pagamento será realizado por meio da entrega dos ativos em carteira, constituída por Certificados de Depósito Bancário (CDBs) do BVA e Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) de operações originadas pela própria instituição. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) vai pagar R$ 70 mil ao fundo Vitória, referente ao limite de cobertura das aplicações em CDBs.
Ao todo, o banco possui quatro FIDCs ativos, que somavam R$ 518,410 milhões de patrimônio e reuniam 134 cotistas em dezembro. A maioria dos cotistas era de fundações e regimes próprios de Estados e municípios. Só os fundos de pensão tinham R$ 194,670 milhões investidos nesses FIDCs, por 32 entidades de previdência, entre elas Serpros, Infraprev e Refer.
Auditoria feita no banco apontou um passivo a descoberto de R$ 1,5 bilhão. Dois grupos negociam uma oferta para ficar com a instituição: o grupo Caoa e o banco Brasil Plural. A gestora Blackwood tem interesse em ativos podres.
© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/financas/2978516/cresce-inadimplencia-em-fundos-do-bva#ixzz2IhOhuTLO