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Corretoras sob pressão

BovespaPergunte a um corretor como vai a vida e a resposta virá num misto de desânimo e revolta. Desânimo com o mercado – com a bolsa em baixa atraindo poucos investidores – e revolta com a guerra de preços e a luta por posições no ranking, que fizeram as corretagens despencarem e a disputa por profissionais se acirrar. A situação chegou a tal ponto que o próprio Banco Central (BC) estaria preocupado com a redução de preços e o aumento dos custos, que podem levar algumas instituições a apresentarem problemas financeiros.

Segundo fontes do mercado, o BC estaria atento a essa concorrência, tendo inclusive pedido um estudo para a Fundação Getúlio Vargas sobre o setor de corretoras. Ao mesmo tempo, estaria reforçando o contato e a fiscalização, para avaliar os efeitos das estratégias de crescimento a qualquer custo nas instituições.

Apenas uma das corretoras que está atuando agressivamente no mercado teve um prejuízo de mais de R$ 9 milhões no ano passado e de R$ 1,3 milhão em janeiro deste ano.

Outro movimento foi feito pela própria BM&FBovespa, que resolveu se reaproximar das corretoras, depois de anos tratando-as como clientes após da desmutualização. Uma comissão foi formada para discutir a situação, incluindo desde práticas desleais até um provável processo de consolidação do setor. Dentro da comissão, há um grupo apenas para cuidar da concorrência.

Outro grupo discute o ranking de corretoras. Por servir de referência para investidores institucionais e para eventuais compradores de corretoras, ele virou obsessão entre as instituições, que fazem de tudo para aparecer na liderança. Isso inclui contratar equipes inteiras de concorrentes pagando luvas milionárias e ainda parcelas maiores da corretagem para agentes autônomos.

Uma das propostas em análise nesse grupo é acabar com a divulgação do ranking para as corretoras, como é feito hoje. A medida, semelhante a quebrar o termômetro para não saber da febre, não garante, porém, que as corretoras não conseguirão os dados de outras maneiras.

O movimento de aproximação da bolsa começou depois que a coreana Mirae lançou este ano sua corretagem de R$ 2,90, prometendo reduzir ainda mais o valor caso alguém a acompanhasse na oferta. Em seguida, outra corretora, a Gradual, lançou um pacote de corretagem livre com valor fixo de R$ 30 por mês. Ambos valores não cobrem os custos, admitem os próprios corretores, que justificam a estratégia como forma de aumentar a base de clientes.

A Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancord) está participando das discussões com a bolsa nas comissões, diz o superintendente José David Martins Júnior. A entidade dá posse hoje a Manoel Felix Cintra Neto para um novo mandato como presidente.

A comissão de fortalecimento das corretoras representa uma reaproximação da bolsa, afirma Martins Junior. “Estamos como um casal, discutindo a relação”, diz. A proposta é fortalecer o braço comercial do mercado com uma série de medidas, entre elas práticas mais equitativas de concorrência, explica. Para Martins Junior, a preocupação do BC tem sentido, pois a atitude da corretora no mercado pode comprometer sua saúde financeira no futuro.

A concorrência é um dos tópicos do código de ética que a Ancord vem discutindo há anos e espera concluir agora. “Concorrência sempre é bem-vinda, mas temos de tomar cuidado, pois existe uma linha nessa disputa que pode levar a problemas mais adiante com controles e com a saúde financeira das instituições”, diz. A entidade pretende se tornar também a reguladora dos agentes autônomos e certificadora do mercado – outro processo que também está atrasado e que envolveria todos os funcionários das corretoras. “A bolsa estabeleceu um prazo mais curto para esse processo, mas o mercado pediu mais tempo para se ajustar”, afirma.

Já a proposta de criar um cadastro único de clientes para todas as corretoras da Bovespa para baixar custos naufragou, diz um corretor. “O preço pedido pela empresa que ia prestar o serviço foi considerado muito alto pela maioria”, afirma.

Fonte: Angelo Pavini, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.