Controles do PanAmericano mereciam atenção
As entidades externas e os órgãos internos que integravam a estrutura de supervisão e governança do Banco PanAmericano nunca reportaram ao Banco Central (BC) nenhum indício sobre as “inconsistências contábeis” que levaram o banco a precisar de um aporte de R$ 2,5 bilhões para se manter de pé. Mas o comitê de auditoria da instituição apontou, no seu relatório referente ao balanço fechado de 2009, que os controles internos do banco precisavam ser revisados e efetivamente implantados conforme a Circular 3.467 do BC, que lista os pontos que a área de controladoria deve observar.
No texto entregue ao conselho de administração e que ficou disponível ao órgão regulador, o comitê de auditoria diz que concluiu que eram “efetivos os controles internos”, mas que eles continuavam a “merecer aperfeiçoamentos, não obstante a significativa melhoria havida no período [segundo semestre de 2009]”, indicando que a situação era pior seis meses antes, mas que havia melhorado.
Na opinião do comitê, a área de controladoria da instituição tinha apresentado sensível evolução naquele semestre, mas continuava a “merecer atenção” e precisava ser “redimensionada para bem cumprir sua finalidade e missão”. Na sua página na internet, o banco diz que a área de controle é composta por seis pessoas.
Essas recomendações e comentários constam do relatório completo do comitê de auditoria do PanAmericano sobre o balanço de 2009, que foi publicado na íntegra, aparentemente por engano, no Relatório Anual do Grupo Silvio Santos. A versão resumida, divulgada junto com o balanço, dizia apenas que os controles internos foram considerados efetivos e que tinham sido encaminhadas “diversas recomendações” ao conselho de administração durante as reuniões realizadas semanalmente.
Segundo especialistas em auditoria ouvidos pelo Valor e pessoas que integravam órgãos de supervisão do PanAmericano, recomendações feitas por comitês de auditoria não se referem a pequenos problemas de controle, relacionados, por exemplo, com o acesso à portaria de prédios, mas efetivamente a questões de maior relevância para o balanço.
Ainda assim, todos concordam que os pontos levantados não eram uma evidência de que havia algo da magnitude que se descobriu após investigações feitas pelo Banco Central.
Fonte: Fernando Torres, Valor Economico