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Consultores lutam para sobreviver após ‘caso Madoff’

O escândalo da manipulação da Libor e os colapsos de hipotecas podem até ter levado os investidores a perder a confiança nas grandes instituições. Consultores financeiros acreditam, porém, que a quebra de confiança está mais ligada a razões pessoais e a alguns personagens polêmicos: Bernard Madoff, Earl Jones e Allen Stanford.

A ressaca provocada por grandes esquemas de pirâmide financeira deixou os investidores desconfiados e os consultores financeiros preocupados. “Estou com um pouco de medo em relação ao nosso negócio”, diz Dean Owen, planejador financeiro pessoal e presidente da Associação dos Consultores Financeiros do Canadá.

Owen sente as consequências toda vez que um golpista que se passa por planejador financeiro promete retornos polpudos e fica com o dinheiro dos investidores para si. “Os clientes perguntam como e por que isso acontece, e o motivo é sempre o mesmo. Em uma situação de queda dos mercados, as pessoas sempre buscam retornos maiores”, diz.

Tudo se resume a medo e ganância. “Mais ganância do que medo”, diz Owen. “Tudo começa em um café. As pessoas ouvem dos amigos: ‘Estou fazendo negócios com Madoff. Ele conseguiu 8% para mim nos últimos três anos e tudo está indo uma maravilha’. A propaganda boca a boca faz o resto.”

O Canadá também tem sua cota de golpes. O caso mais conhecido envolveu Earl Jones, um consultor de investimentos de Montreal que se declarou culpado, em 2010, de conduzir um “esquema Ponzi” que custou às suas vítimas – a maioria idosos – estimados US$ 40,8 milhões num período de 20 anos.

A volatilidade do mercado e os baixos retornos criaram um terreno fértil para investidores desesperados em busca de promessas de lucros. Embora os golpes tenham um custo óbvio para os investidores, os consultores financeiros também são prejudicados. “Há um ceticismo natural entre os possíveis clientes em relação aos consultores independentes”, diz Sandy Cimorini, presidente da TD Mutual Funds, do Toronto-Dominion Bank, o segundo maior banco do Canadá.

Owen, da associação dos consultores, teme que os grandes bancos venham a se beneficiar com a falta de confiança nos planejadores, muito embora os consultores independentes possam exibir uma educação melhor, uma diversidade de produtos e, obviamente, nenhuma lealdade a um banco. “Mas as pessoas estão dispostas a fazer isso por segurança. Assim, estão trocando o aconselhamento financeiro pela segurança”, diz.

Desse modo, os consultores alertam uns aos outros para que documentem tudo com detalhes – para criar confiança e satisfazer as autoridades reguladoras. Lee Helkie, uma planejadora financeira certificada, diz que a papelada triplicou ou quadruplicou nos 16 anos que está no ramo, ao ponto em que ela não consegue entender como as fraudes são perpetradas e passam despercebidas pelos clientes. “Os clientes nunca preenchem cheques diretamente para nós; eles são sempre para a companhia de investimentos”, diz Helkie.

Ela recomenda precauções como um bom sistema de anotações e bons processos de comunicação de informações sobre as contas para os clientes, para que os investidores recebam informações não só do consultor, mas também daqueles que oferecem os produtos de investimentos. “Posso encaminhar comunicados individuais mostrando onde o dinheiro está, o quanto ele está rendendo. Mas deve-se também esperar um comunicado direto da companhia”, diz.

John Rogers, presidente-executivo do CFA Institute, chama isso de “fundamentos da higiene corporativa”. “Estruturalmente, há coisas que as instituições financeiras podem fazer para tranquilizar os clientes, como por exemplo, a custódia independente. Códigos de conduta, treinamento e licenciamento também são importantes”, afirma Rogers, cujo instituto certifica analistas financeiros diplomados somente depois de anos de ensino e treinamento prático.

Owen, como outros consultores financeiros, teme que a falta de confiança venha a levar os investidores a esconder seu dinheiro “debaixo do colchão”, evitando totalmente a consultoria financeira. Ou a adotar uma postura conservadora demais, a ponto de que a inflação venha a ‘comer’ todas as suas economias.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.