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Controlador do JBS capta R$ 500 milhões com Caixa

A J&F Participações, holding que concentra os investimentos do grupo JBS, fechou uma captação de R$ 500 milhões por meio de uma emissão de debêntures – títulos de dívida de empresas que podem ser adquiridos por investidores no mercado de capitais. Na prática, porém, trata-se de uma operação de empréstimo, já que os papéis foram adquiridos pela Caixa Econômica Federal, banco que coordenou a operação, conforme apurou o Valor.

As debêntures possuem um prazo de vencimento de cinco anos, com prazo de carência de três anos para o pagamento do principal, e não contam com nenhum tipo de garantia para ser executada caso o compromisso não seja honrado. Procurada, a Caixa informou que não comentaria o assunto. Nenhum representante da J&F foi localizado.

A holding pagará juros equivalentes à taxa do depósito interfinanceiro (DI), que acompanha a Selic, mais 1,82% ao ano pelas debêntures. Trata-se de uma taxa inferior à obtida em empréstimos anteriores pela companhia. No balanço do ano passado, as linhas de crédito de longo prazo da J&F possuíam taxa entre 2,26% e 6,80% ao ano, mais a variação da taxa DI.

A captação da J&F também possui um custo menor do que o de emissões públicas de debêntures com perfil de risco semelhante. Para efeito de comparação, no mês passado, a holding de concessões Triunfo Participações e Investimentos (TPI) fechou uma captação de R$ 472 milhões, pelo mesmo prazo, pagando o equivalente à taxa de DI mais 2,20% ao ano.

A operação da TPI recebeu classificação de risco “A+”, em escala nacional, pela agência Fitch. A J&F não possui classificação divulgada publicamente, mas o frigorífico JBS, principal investimento da holding, foi avaliado como “A-” pela mesma Fitch, com perspectiva negativa.

Os recursos obtidos com as debêntures devem aliviar a situação da J&F. A companhia fechou o ano passado com um caixa de apenas R$ 8 milhões, contra uma dívida de curto prazo de R$ 437 milhões, de acordo com dados do último balanço publicado. No ano passado, a holding apresentou prejuízo de R$ 163 milhões, mais do que o dobro do resultado negativo de R$ 70 milhões em 2010.

No balanço, a companhia registra ainda uma série de operações de mútuo (empréstimo) entre as empresas do grupo, a uma taxa de DI mais 6,17% ao ano, ou seja, bem acima dos juros que a companhia pagará pelas debêntures.

Além do frigorífico JBS e de empresas de confinamento de gado nos Estados Unidos, a J&F detém participações na fabricante de produtos lácteos Vigor, na fabricante de produtos de limpeza e higiene Flora e no Banco Original. Outra companhia do grupo, a produtora de papel e celulose Eldorado, inaugura neste mês a primeira unidade e está em processo de captação de R$ 940 milhões em debêntures. A J&F atuará como fiadora da operação.

Em março deste ano, a holding anunciou a contratação de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Luiz Inácio Lula da Silva, para o conselho consultivo. Joesley Batista acumula os cargos de presidente do conselho de administração e da companhia.

A principal vantagem da emissão de debêntures em relação ao empréstimo tradicional é a isenção do imposto sobre operações financeiras (IOF). Diante da vantagem tributária, os bancos têm aumentado a concessão de empréstimos via aquisição de debêntures.

As quatro maiores instituições financeiras de capital aberto – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – registravam um total de R$ 93 bilhões de títulos privados em carteira, conforme os balanços mais recentes. A Caixa encerrou o terceiro trimestre com R$ 4,2 bilhões em debêntures no balanço, ante um total de apenas R$ 306 milhões no mesmo período de 2011. O crescimento da posição de debêntures detidas pelos bancos chamou a atenção do Banco Central, que em setembro enviou correspondência às dez maiores instituições financeiras do país pedindo detalhes sobre essas operações.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.