Comportamento de Risco no tratamento de suas informações
O brasileiro apresenta o comportamento de risco mais elevado no uso de cartões de crédito e débito entre os maiores mercados nas Américas. É o que indica a pesquisa publicada no fim de junho pela provedora de soluções de segurança em pagamentos ACI Worldwide, que entrevistou mais de 6,1 mil consumidores em 20 países. De acordo com o levantamento, quase um terço dos consultados no país afirma jogar documentos com números de contas bancárias no lixo e 25% usam serviços financeiros ou compram em lojas on-line por meio de computadores sem softwares de segurança ou de uso público. Além disso, mesmo depois de ter uma experiência com fraude, 63% dos consumidores locais admitiram ter usado os seus cartões novamente em pelo menos uma situação de risco.
Conforme o estudo da ACI, quase um em cada três brasileiros recebeu pelo menos uma má notícia na hora de conferir a fatura do seu cartão nos últimos cinco anos. O levantamento mostra que 30% dos usuários no Brasil já foram vítimas de fraude em produtos financeiros do gênero ao longo do período.
A pesquisa coloca o país no oitavo lugar no ranking global dos crimes relacionados ao setor. A lista é encabeçada pelos Emirados Árabes Unidos, que exibe uma taxa de fraude de 44%, seguidos pela China, com 42%, e pela Índia e Estados Unidos, empatados em terceiro, com 41% cada.
Apesar da colocação relativamente intermediária no ranking geral, conforme mostra a pesquisa, o país lidera em termos de atitudes perigosas entre as maiores economias das Américas. Nada menos que 30% dos entrevistados assumiram descartar papéis com informações bancárias ou relacionadas aos cartões sem devidas precauções, como picotar as folhas. O percentual representa mais que o dobro do apresentado nos Estados Unidos e no Canadá, que registraram, respectivamente, 13% e 12%. O México também apresentou uma taxa menor, de 27% dos usuários.
Acessar o internet banking ou fazer compras em sites por meio de computadores públicos ou sem software de segurança é feito no Brasil pelo triplo de pessoas que nos EUA e por um número quatro vezes maior se comparado ao Canadá. São 22% de brasileiros, contra 7% de americanos e 5% de canadenses, de acordo com a pesquisa. Já os mexicanos exibem um resultado próximo, mas menor, de 20%.
O estudo mostra ainda que 12% dos brasileiros costumam escrever a senha no próprio cartão ou trazer consigo anotada em um papel. Embora seja uma brecha para fraudes, a estratégia pode “proteger” o usuário em casos de crimes mais graves, como sequestro-relâmpago. Nos EUA e no Canadá, apenas 6% admitiram esse comportamento. Já entre os mexicanos, a falha de segurança ocorre para 9% dos entrevistados.
De acordo com Hugo Costa, diretor da ACI Worldwide Brasil, a comparação com estudos anteriores mostra uma tendência de queda na exposição a riscos pelos usuários. De 2012 para 2014, o índice de brasileiros vítimas de fraude caiu três pontos percentuais. O executivo credita o recuo a campanhas de conscientização feitas pelas empresas e à divulgação de informações sobre o tema pela mídia. Mas, apesar da queda, “os índices ainda são altos”, avalia.
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