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Assembleias mobilizam acionistas

Sala de reuniãoMudanças nas regras e o histórico recente de fundos ativistas no país indicam que as assembleias das companhias abertas neste ano deverão ser marcadas cada vez mais pela mobilização dos acionistas do que pela ausência característica nas reuniões dos últimos anos.

Em dezembro, acionistas de Oi, Bradesco e Cemig deram sinais de que o cenário está mudando e solicitaram interrupção das assembleias das companhias à reguladora Comissão de Valores Mobiliários. E há expectativa de que as assembleias ordinárias mostrem investidores unindo suas participações para ter mais voz nas empresas, depois que alguns fundos tiveram sucesso nessa empreitada.

Para Helder Soares, sócio da gestora Claritas, um marco para o mercado de capitais foi a mudança de interpretação da CVM em relação a conflito de interesses. Antes, ele só era apurado após concluída uma operação. Agora, como a autarquia recomendou que em casos de incorporação o controlador não vote, ou que seja instituído um comitê de membros independentes para a avaliação, a participação dos minoritários pode aumentar. E, especialmente, a existência ou não de conflito é verificada antes do fechamento da operação.

Também no fim do ano passado, o controlador da MahleMetal Leve precisou sentar para conversar com seus minoritários para concluir uma incorporação com a futura adesão da empresa ao Novo Mercado. Os acionistas tentaram um diálogo antes que ele divulgasse a proposta e marcasse uma assembleia. Não foram ouvidos e, como a decisão cabia a eles, informaram que rejeitariam a operação. A assembleia teve de ser adiada e só ocorreu depois de os dois lados entrarem em acordo.

Existem apostas também de que as assembleias ordinárias ficarão longe da tranquilidade. Essas reuniões, concentradas em abril, deverão trazer fundos unindo posições para conseguir vagas nos conselhos de administração das empresas e, assim, influenciar mais diretamente a sua administração.

No mercado, existe a percepção de que a gestora de recursos Tarpondeverá ampliar a fatia que possui em ações da Brasil Foods em busca de um ou mais assentos no conselho. Em carta encaminhada aos cotistas neste início de ano, a Tarpon afirma que seus investidores devem esperar um aumento de sua exposição na companhia resultante da união de Perdigão e Sadia. Atualmente, a fatia é de cerca de 6%.

Há um grupo de ativistas, no entanto, que ressalta que embate em assembleias tende a ocorrer apenas em último caso. A intenção é antes conversar com a empresa sobre pontos com os quais eventualmente discordem, ainda mais agora que a quantidade de informações divulgadas e detalhadas aumentou.

Se não obtiverem resultado, podem tanto optar por sair da empresa quanto buscar o debate nas assembleias, oportunidade única em que os acionistas podem entrar em contato diretamente com o dono ou o seu representante nas companhias. No dia a dia, o contato é com a gestão – ou o presidente ou o diretor de relações com investidores.

Sandra Guerra, diretora da Better Governance, destaca que é esperada uma maior interação entre os acionistas e as empresas e assembleias mais “quentes” neste ano. Sandra firmou parceria com a italiana Sodali para assessorar as companhias em governança corporativa. A harmonização entre a empresa e seus acionistas será uma das frentes de atuação.

Nos últimos tempos no mercado, foram perceptíveis as movimentações dos acionistas pedindo modificações nas empresas.

A proposta dos executivos da Sodali, conta Sandra, é de auxiliar as empresas a construir essas relações, em particular com os acionistas internacionais.

“A intenção é ajudar a aprimorar a comunicação com esse investidor, cujo perfil não é exatamente conhecido por aqui e que está em outro país, com normas diferentes das nossas, que lhes são desconhecidas também”, diz.

Melhorando o entendimento das atividades da empresa e de suas propostas, é possível convencer os investidores estrangeiros a votar as propostas, participando das assembleias, conta Giulio Pediconi, diretor-executivo da Sodali. Hoje a participação dos estrangeiros nos encontros é pequena. Muitas vezes, diz , esse investidor tem participações em diversas empresas e não vê uma razão especial para participar de todas as assembleias. A Sodali também auxilia os acionistas a votar por meio de procuração, inclusive nos detalhes para o preenchimento do documento, que, se feito de forma errada, pode anular os votos.

“A ideia é que as empresas entendam o perfil de seus acionistas, saibam quais são as demandas e sua estrutura de gestão”, conta Hernan Lopez, diretor regional da Sodali. “Também trabalhamos para assegurar que os acionistas tenham informações para tomar decisões antes de votar. A comunicação clara é importante”, afirma.

Fonte: Ana Paula Ragazzi, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.