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Captação de banco português começa a secar

Euros 1O Banco de Portugal, banco central, alertou ontem que o sistema financeiro do país enfrenta “sérios desafios”, o que alimentou as preocupações de que Portugal não conseguirá sobreviver à desconfiança crescente dos investidores com sua dívida soberana e seguirá o mesmo caminho da Irlanda e da Grécia.

Lutando para captar recursos a um custo aceitável nos mercados internacionais de capital, os bancos portugueses têm dependido nos últimos meses de uma fonte barata e alternativa de financiamento: o Banco Central Europeu (BCE).

Esse mecanismo é “insustentável”, porque o BCE deve fechar as torneiras em algum momento, disse o Banco de Portugal num relatório. O Banco Central português afirmou que os bancos do país devem evitar usar o financiamento do BCE, reduzir a oferta de crédito e obter mais depósitos das famílias do país. O banco alertou que remédios amargos como esses vão prejudicar a economia portuguesa, gerando um “ajustamento (…) com inevitáveis efeitos negativos sobre as perspetivas para o crescimento da economia”, segundo afirma o relatório.

Diferentemente da economia irlandesa, que foi resgatada pela União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) no domingo, a portuguesa ainda não está desmoronando sob o peso de pilhas de dívidas imobiliárias.

Ao contrário da Grécia, Portugal agiu com relativa rapidez para escorar suas finanças públicas. Para isso, usou uma combinação de cortes de gastos e elevação de impostos.

Mas Portugal enfrenta agora uma pressão parecida com a que desafiou tanto a Irlanda quanto a Grécia.

O governo foi obrigado a pagar uma taxa de juro de quase 7% para tomar dinheiro emprestado – um nível acima do que os economistas consideram ser sustentável para uma economia que apresneta um crescimento lento como a de Portugal.

Os bancos portugueses não tinham sido ainda um grande motivo de preocupação até agora na crise financeira mundial porque conseguiram diversificar seus empréstimos.

Muitos bancos portugueses também têm obtido uma fatia cada vez maior dos lucros de operações no exterior, principalmente em mercados emergentes de rápido crescimento como Angola e Brasil.

Mas conforme se deterioravam as perspectivas da economia portuguesa, os bancos do país perderam espaço gradualmente nos mercados interbancários de capital.

Para completar a diferença, os bancos portugueses têm dependido muito de linhas de crédito do BCE. Eles também tiveram de pegar emprestado € 40 bilhões (US$ 52,5 bilhões) em cada um dos últimos dois meses, ante € 15 bilhões mensais anteriormente este ano.

O Banco Comercial Português, por exemplo, tomou € 14 bilhões do BCE em setembro deste ano, dando como garantia ativos – a maioria empréstimos imobiliários e comerciais securitizados -valendo um total de € 17,8 bilhões.

Seu plano é contar com mais de € 20 bilhões em ativos que poderiam ser usados como garantia até o fim deste ano.

Com os cofres cheios de dinheiro do Banco Central Europeu, os bancos portugueses começaram a usar os fundos para adquirir cada vez mais títulos soberanos do próprio país.

As instituições financeiras de Portugal já adquiriram € 17,9 bilhões em dívida pública portuguesa desde setembro, 87% a mais que os € 9,58 bilhões adquiridos um ano atrás, segundo informou o Banco de Portugal.

No relatório divulgado ontem, o banco central português afirmou que essa estratégia é arriscada porque “o preço desses ativos caiu significativamente nos últimos meses”.

Fonte: Patricia Kowsmann e David Gauthier-Villars, The Wall Street Journal, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.