Bancos elevam provisões para riscos operacionais
O executivo-chefe do J.P. Morgan Chase, Jamie Dimon, se comprometeu a gastar bilhões de dólares para melhorar o compliance (a conformidade com as regras legais e de governança) e a segurança cibernética. Isso não está impedindo que os reguladores tratem o banco como se fosse mais arriscado do que nunca.
Os ativos ponderados pelo risco da instituição, uma medição criada pelos reguladores que determina quanto capital o banco precisa reter contra potenciais perdas por erros humanos, ameaças externas, fraude e litígios, aumentaram 6,7% no segundo trimestre, para US$ 400 bilhões, segundo um documento apresentado em agosto. Os reguladores podem apontar US$ 23 bilhões em acordos legais no ano passado e um ataque cibernético descoberto no mês passado enquanto pressionam o J.P. Morgan a aumentar suas provisões contra perdas imprevistas.
Bancos de Wall Street, incluindo o Citigroup e o Bank of America, que juntos acumularam mais de US$ 100 bilhões em custos legais após a crise financeira, estão enfrentando pressões similares. No J.P. Morgan, o maior banco dos EUA, essas reservas se traduzem em mais de US$ 35 bilhões que não podem ser utilizadas para dividendos nem recompras de ações, o que levou Dimon a chamá-las de “capital encalhado”.
“Os bancos estão dizendo: ‘Nós fizemos grandes investimentos em tecnologia e pessoal de compliance, mas não estamos recebendo crédito’ por isso”, disse Justin Fuller, diretor sênior da Fitch Ratings em Chicago. “Ao mesmo tempo, os únicos pontos de dados verificáveis são esses enormes custos de litígio em que eles acabam de incorrer, e é difícil ignorá-los.”
Em janeiro, a diretora financeira do J.P. Morgan, Marianne Lake, disse que esperava convencer os reguladores de que o cálculo, que emprega dados históricos para prever os custos no futuro, era injusto porque não refletia o atual nível de segurança do banco. Os modelos são “retrógrados” e mostram um risco ampliado para de cinco a dez anos depois das conciliações, disse ela.
Depois que um operador do J.P. Morgan, conhecido como “London Whale”, perdeu US$ 6,2 bilhões em 2012, os reguladores dos EUA se tornaram mais agressivos ao assegurar que os modelos internos dos bancos estivessem medindo adequadamente os riscos operacionais enfrentados pelas instituições financeiras. A investida foi acelerada por disputas legais que envolvem empréstimos hipotecários durante o boom imobiliário, supostas especulações no mercado e violações a sanções.
O J.P. Morgan foi um de pelo menos cinco bancos alvejados em um ataque coordenado contra instituições financeiras nas últimas semanas, disse um funcionário do governo dos EUA na semana passada. O ataque levou ao roubo de dados de clientes que poderiam ser usados para invadir contas, segundo uma fonte do setor. Na semana passada, o J.P. Morgan disse que não tinha observado níveis incomuns de fraude e que está reforçando suas defesas contra hackers.
Os ativos operacionais do J.P. Morgan ponderados pelo risco (RWA) aumentaram US$ 25 bilhões no segundo trimestre, depois de “orientações regulatórias”, e agora representam uma maior proporção do perfil de riscos da instituição, mostra o documento. Os US$ 400 bilhões desses ativos representam 24% do total da companhia, em comparação a 6% em 2010.
O Citigroup informou ter sido obrigado pelo Fed a acrescentar US$ 56 bilhões a seus RWA operacionais neste ano, o que reduziu sua meta de capitalização, mencionando “o ambiente operacional geral para o setor bancário”. A instituição com sede em Nova York tinha US$ 288 bilhões desses ativos em 30 de junho, 23% do seu total, ante os US$ 177 bilhões no terceiro trimestre de 2013. O Goldman Sachs tinha US$ 93,8 bilhões de ativos operacionais ponderados pelo risco no fim de junho, 16% do seu total.
“Os ativos operacionais ponderados pelo risco aumentaram muito e continuarão subindo para os maiores bancos”, disse Fuller, da Fitch. “É difícil antecipar uma mudança nessa tendência no futuro próximo.”
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