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Bancos coreanos seguem seus clientes e abrem portas no Brasil

BancosCom o crescimento do investimento direto de empresas da Coreia do Sul no Brasil, também os bancos coreanos estão ampliando sua presença no país. Vêm em busca de oportunidades junto à colônia, empresas e pessoas físicas que já são clientes na Coreia. Os grandes focos são o financiamento à exportação, importação e o câmbio, visto que a maior parte das empresas coreanas, pelo menos por enquanto, não capta recursos no mercado interno – acaba trazendo recursos da Coreia. Outra prioridade é a gestão de recursos para executivos coreanos com maior poder aquisitivo que têm mudado para o país e não falam português. Mas os planos de instituições financeiras coreanas não param por aí. Alguns querem atuar no crescente mercado de serviços financeiros para os brasileiros.

Segundo apurou o Valor, a Hyundai avalia a abertura de um banco no Brasil, por meio da Hyundai Capital, para financiar a venda dos veículos que serão produzidos na fábrica em construção em Piracicaba, no interior de São Paulo, um investimento de US$ 600 milhões com capacidade para produção de 150 mil automóveis por ano. Com o banco, a Hyundai poderia financiar também fornecedores de autopeças coreanos que neste momento vêm da Coreia junto com a montadora – por enquanto, há cerca de sete empresas.

Também pretende vir para o país o Shinhan Financial Group, o maior em valor de mercado da Coreia. O Shinhan tem como seu segundo maior acionista o fundo de pensão estatal National Pension Service (NPS), um dos investidores que comprou, junto com consórcio asiático, 15% da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), por US$ 1,95 bilhão, da Brasil Warrant, empresa de participações da família Moreira Salles. A CBMM é a maior produtora de nióbio (que torna o aço mais leve, resistente e flexível) do mundo todo. A siderúrgica coreana Posco também estava no consórcio comprador.

Já o Korean Development Bank (KDB), presente no Brasil desde 2005, está quase dobrando seu capital no Brasil, que vai passar de R$ 175,5 milhões para R$ 330 milhões. O banco múltiplo é a subsidiária brasileira do banco de desenvolvimento do governo sul-coreano, fundado em 1954. Procurado pelo Valor, o presidente, Moon Chang Kim, não quis comentar. Mas em ata de assembleia o banco informa que atua como banco comercial e de investimentos, no mercado de câmbio, e que pode entrar no capital de projetos e empresas que achar conveniente.

O Woori Bank, que significa em coreano banco do povo, o mais antigo da Coreia do Sul, com 57% de capital nas mãos do governo, espera autorização do Banco Central para atuar com capital de R$ 36,5 milhões. Pretende ser um banco múltiplo e vai atuar como banco comercial e de investimento, além de procurar fazer transações no mercado interno de câmbio. A instituição financeira mantém no escritório de representação no país três pessoas, por enquanto.

O Korean Exchange Bank (KEB), que se estabeleceu como banco no Brasil em 1998, pretende ampliar seu capital no país, aumentar o número de funcionários e atuar em novos segmentos, segundo o presidente da instituição financeira Dong Man Lee, que assumiu o cargo em novembro do ano passado (ver texto nesta página).

“Quando alguns grandes conglomerados da Coreia investem em um país, acabam se tornando um chamariz para as demais empresas, inclusive financeiras”, conta Shin Jae Kim, a coreana sócia do escritório de advocacia Tozzini Freire, que atende a Hyundai e também a Doosan, empresa que está abrindo no Brasil uma fábrica para produção de máquinas escavadeiras, um investimento de R$ 100 milhões.

Shin Jae Kim vê uma grande onda de investimentos coreanos no país e cita parceria da Vale com a Dongkuk na Companhia Siderúrgica de Pecém, no Ceará, além da fábrica de módulos de televisão que a LG Eletronics pretende construir no Brasil.

Segundo ela, a imagem do Brasil no exterior, de país com economia estável, acaba se espalhando. “A visão do país na Coreia é extremamente positiva”, afirma ela, que dirige um time de advogados que falam coreano, português, inglês e espanhol.

A atuação das instituições financeiras coreanas no Brasil não para por aí. A agência de crédito à exportação do governo coreano, o Export-Import Bank of Korea (Kexim), com escritório de representação no país, entrou com US$ 300 milhões em financiamento de projeto para a Odebrecht Óleo e Gás comprar navios-sonda de perfuração de petróleo da coreana Daewoo, em transação finalizada em 2009. A Coreia do Sul tem tecnologia e grandes empresas construtoras de navios para perfurar poços de petróleo – além da Daewoo, a STX, a Samsung, a Hyundai e a Hanjin – e os investimentos da Petrobras no pré-sal vêm a calhar. A Korean Export Insurance Corporation (Kiec), que faz seguro de crédito à exportação para empresas coreanas, também se prepara para ter uma atuação mais forte no Brasil.

Na mais conhecida instituição financeira coreana com atuação no Brasil, a Mirae Asset – que além de gestora de recursos de terceiros tem também uma corretora com forte foco na pessoa física (o chamado home broker), mas não tem licença de banco – todos os dirigentes coreanos estão aprendendo português. “Essa onda de investimentos da Coreia no Brasil abre oportunidades para que mais coreanos pessoas físicas invistam em fundos de investimento imobiliário e fundos de investimento em participações”, afirma Martin Lee, CEO (chief executive officer) da Mirae Asset Securities. Segundo ele, a Mirae pode também ajudar a construir investimentos sob medida para os coreanos.

Por enquanto, a corretora da Mirae no Brasil, que começou a operar no final do ano passado, tem 1,5 mil clientes já cadastrados no país e outros mil em processo. Para trazer a tecnologia adotada pela empresa no mercado asiático, a Mirae investiu cerca de US$ 5 milhões na adaptação, tradução e “tropicalização” do seu sistema. “Queremos contribuir para popularizar os investimentos em bolsa no Brasil e não avançar nos clientes de outras corretoras.”

Segundo ele, “as empresas coreanas ainda têm medo de levantar recursos no mercado interno brasileiro e acabam trazendo dinheiro da Coreia, o que abre grande oportunidade de atuação em câmbio para os bancos coreanos com presença no Brasil”. (Colaborou Carolina Mandl)

Fonte: Cristiane Perini Lucchesi, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.