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Banco Rural encolhe após envolvimento no mensalão

O envolvimento no mensalão abalou de forma decisiva as operações do Banco Rural, além de dificultar sua venda. A carteira de crédito da instituição nunca recuperou o patamar que tinha antes do episódio.

No fim de 2004, o portfólio de empréstimos total era da ordem de R$ 3,5 bilhões. O montante despencou para R$ 1,505 bilhão no fim de 2005, quando foram feitas as denúncias sobre o esquema de corrupção.

A carteira de crédito da instituição caiu para R$ 805,8 milhões no fim de 2007, o menor patamar dos últimos nove anos. Depois disso, voltou a crescer e estava em R$ 2,5 bilhões no fim de setembro do ano passado. Os números do crédito referem-se ao conglomerado financeiro. Os números dão pistas de que as captações do banco também foram afetadas.

Levando-se em conta apenas o banco, o portfólio era de R$ 2,1 bilhões no fim de janeiro deste ano, segundo balancete entregue ao Banco Central (BC). Não há dados sobre o conglomerado para esse período. Desde setembro do ano passado, o banco não publica seu balanço completo.

Desde que o envolvimento do banco Rural no esquema de corrupção veio à tona, não foram poucas as tentativas da família Rabello de reerguer o seu banco. Os controladores fizeram sucessivos aumentos de capital na instituição nos últimos anos, em uma tentativa de reerguer as operações, fortemente abaladas pelo mensalão. Em outras ocasiões, os aportes tiveram como objetivo cumprir determinações do Banco Central.

No fim de 2004, um ano antes de o escândalo vir à tona, o Rural tinha um capital social de R$ 177,7 milhões. Um primeiro aporte, de R$ 100 milhões, foi feito em 2007, ano em que a carteira de crédito apresentou um forte encolhimento.

Novas injeções de recursos foram feitas em 2010, 2011 e 2012, sendo que o último deles somou R$ 80 milhões em setembro do ano passado, data do último balanço publicado pelo banco. Nessa data, o capital do banco era de R$ 520,7 milhões. A família ainda se comprometia a colocar outros R$ 20 milhões em breve, depois que o Banco Central apontou insuficiência patrimonial no Rural.

Menos de um ano antes, o banco já havia sido levado a fazer um aumento de capital de R$ 65 milhões depois que uma inspeção realizada pelo Banco Central levou a ajustes de R$ 180 milhões em seu balanço. Os problemas encontrados referiam-se a aumento de provisões por operações de crédito no Brasil e no exterior, reforços em provisões trabalhistas e para ações cíveis.

Os recentes aportes, no entanto, não foram suficientes para cobrir as necessidades da instituição, diante das provisões para processos judiciais de mais de R$ 1 bilhão necessárias.

Além disso, mais recentemente as capitalizações também começaram a levantar questionamentos das autoridades sobre a origem do dinheiro, segundo o Valor apurou.

Logo após o estouro do mensalão, a família Rabello, controladora do Rural, contratou um time de consultores para tentar recuperar o banco.

A missão de Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, e Paolo Zaghen, ex-presidente do Banco do Brasil, Nelson Eizirik e Caetano Vasconcellos Neto era estabilizar as operações do Rural depois do mensalão para depois colocar o banco à venda.

Porém, a eclosão da crise financeira internacional, em 2008, a intervenção no PanAmericano, em 2010, e a sequência de problemas em instituições financeiras de médio porte inviabilizaram o plano. Dados do balancete do Rural entregues ao BC mostram que em janeiro a instituição registrou um prejuízo líquido de R$ 10,4 milhões. O patrimônio líquido do banco estava em R$ 360 milhões.

Os depósitos a prazo do Rural somavam R$ 2,1 bilhões em títulos vendidos a investidores. Agora, parte disso deve ser reembolsado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que assegura aplicações até o limite de R$ 250 mil para Certificados de Depósito a Prazo e Letras de Créditos e de R$ 20 milhões para o Depósito a Prazo com Garantia Especial. Segundo o Valor apurou, cálculos iniciais mostram que o FGC arcará com algo entre R$ 600 milhões e R$ 900 milhões.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.