Banco pede contrapartida para taxa de juro menor
Catorze dias depois de o Banco do Brasil dar início à cruzada do governo Dilma Rousseff para a redução do custo do crédito, ontem os dois maiores bancos privados do país anunciaram cortes nas taxas de juros. Itaú Unibanco e Bradesco divulgaram taxas menores – pelo menos na teoria – para diversas linhas usadas por pessoas físicas e por empresas. Agora, ao todo, já são sete os bancos que decidiram mexer nas taxas cobradas: os públicos Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banrisul, e os privados Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, HSBC. Juntos, eles são responsáveis por mais de 80% do estoque de crédito do país.
O Bradesco aumentou o limite de crédito em R$ 21 bilhões. Nos comunicados, ambas as instituições dizem que o movimento está em sintonia com “o crescimento econômico” do país. O Itaú divulgou que colocará à disposição da clientela mais de R$ 200 bilhões.
Apesar da profusão de anúncios de descontos nos juros, o cliente que sair em busca da melhor promoção vai precisar gastar sola de sapato para entender as ofertas. Em letras pequenas, estão condições e mais condições para que a tabela reduzida seja aplicada. O Itaú cortou a taxa do cheque especial para 1,95% ao mês, sem informar de quanto eram os juros anteriores. Se o cliente chegar à conclusão que essa é uma cobrança que vale a pena, terá de migrar o recebimento de seu salário para o Itaú e aderir à chamada MaxiConta Portabilidade Salário, cujas condições não foram informadas.
No Santander, para conseguir a redução do cheque especial de 9,9% para 4% ao mês, o correntista terá uma lista de condições a cumprir. Começa com a obrigatoriedade de receber o salário no banco. Depois vem a exigência de possuir um cartão de crédito internacional. Também não pode utilizar mais que 25% do limite de crédito oferecido. Por fim, tem de aderir a um pacote de tarifas que vai de R$ 20 a R$ 60 por mês. A dúvida é: vale a pena contratar a chamada conta “Light” (leve, em português)?
As novas taxas para quem quer comprar um carro novo financiado também exigem cálculos. A menor taxa é oferecida pelo Bradesco: 0,97% ao mês, para o cliente que der 40% do valor do carro de entrada e financiar em, no máximo, 12 meses. A Caixa cobra um pouco mais, mas exige uma entrada de 50%. Com um pagamento inicial superior a 50%, no BB, o cliente pode ganhar até 24 meses para pagar. Mas todos os bancos exigem que o tomador do crédito seja correntista. Por isso, além de ter de olhar o quanto tem no bolso para dar de entrada, o potencial cliente terá de checar o quanto custa manter uma conta corrente nesses bancos. Não é uma cruzada fácil.
Fonte: Carolina Mandl e Felipe Marques, Valor Economico