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TITANIC Operacional

No último final de semana fomos bombardeados com notícias sobre o naufrágio do cruzeiro Costa Concordia, que acidentou-se no dia 13 de janeiro de 2012,  após colidir em uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa italiana da Toscana. Mais de 4,2 mil pessoas estavam a bordo. Até a manhã de segunda-feira, dia 16, seis mortes haviam sido confirmadas e outras 16 pessoas seguiam desaparecidas: dez turistas e seis tripulantes.

Segundo as primeiras informações sobre as causas do acidente, o navio, que tem 290 metros de comprimento e 114,5 mil toneladas, margeava a ilha de Giglio quando bateu em uma rocha e começou a adernar. Houve pânico entre os passageiros, que reclamaram do despreparo da tripulação e a luta por coletes salva-vidas. Um verdadeiro caos! O comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, foi acusado de ter abandonado o navio. Ele nega, mas a empresa responsável pela embarcação se posicionou confirmando a negligência do capitão.

Ao rever alguns pontos deste fato, farei menção ao mundo corporativo, afinal, algumas falhas estão, pelo menos neste momento, evidentes, tais como: negligência operacional pelo comandante, uma vez que havia manual interno de navegação, mapa náutico com a rota a ser seguida, equipe treinada para evacuação do navio, anos de experiência, risco de imagem e reputação, entre outros.

Quantas vezes não vimos no mundo corporativo os mesmos problemas? Desrespeito às normas, negligência as regras internas e externas e a falta de capacitação da equipe no gerenciamento de crises. Quando as pessoas não dão a devida atenção aos treinamentos, as falhas acontecem, pois não sabem o que fazer, aí a soberba, por acharem que sabem mais do que as normas e os procedimentos que direcionam ou orientam, expõe a falta de preparo em não avaliar os riscos inerentes a atividade, e no caso do comandante que deveria orientar a evacuação e gerenciar a crise, vale salientar que na catástrofe causada por ele mesmo, foi um dos primeiros a abandonar o navio.

Presenciando uma catástrofe como essa, devemos refletir, voltar-se para nosso negócio e avaliar melhor os processos de gestão de riscos e controles internos, identificar se os profissionais indicados estão devidamente preparados para o gerenciamento de crises,  se existem desvios aos normativos, que neste caso é mais fácil identificar. As crises acontecem, pois as pessoas sempre cometem desvio de conduta e dos procedimentos por acharem que estão acima das regras de compliance, com isso a imagem e reputação fica totalmente exposta.

Pergunto: Você está com um pacote de cruzeiro comprado, o que você esta pensando neste momento? Será que acontecerá a mesma coisa comigo? Qual a probabilidade de acontecer de novo?

Profissionalismo não se compra no mercado, pelo contrário, se conquista. Podemos moldar o perfil de nosso profissional, na busca pela excelência, pelo respeito às regras e normas, comprometimento com a empresa. Afinal, risco de imagem e reputação aparece quando alguém não faz a sua parte, e não sabemos qual o impacto financeiro causado pela falha operacional. Será que a sua empresa será um Titanic Operacional? Pense nisso!

* Marcos Assi é consultor de Governança, Riscos Financeiros e Compliance da Daryus Consultoria. Professor e coordenador do MBA Gestão de Riscos e Compliance da Trevisan Escola de Negócios, e autor do livro “Controles Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na gestão dos negócios” (Saint Paul Editora). 

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

4 comentários sobre “TITANIC Operacional

  • Parabéns pelo atigo. Leve, traça um paralelo entre os sucessivos “equivocos” realizados pelo comandante do navio e os nossos gestores corporativos. Acresentaria, também, o comportamento desorientado por parte dos passageiros, sem saber o que fazer, a quem recorrer, por desconhecer o que de fato estava ocorrendo (aliás se soubessem talvez o pânico se estabelecesse e a tragédia fosse ainda maior). É justamente o que ocorre com os clientes que não sabem ao certo o que se passa em uma empresa que, mal das pernas, tenta desesperadamente salvar o seu antes de abandonar o barco. Infelizmente, accountability é um termo ainda ausente no dicionário da grande maioria dos nossos gestores…

  • Olá Marcos, parabéns pelo artigo.

    Apresenta-se um típico risco com probabilidade baixa de acontecer, mas com altíssimo impacto hein!
    Como bem disse, essa catástrofe serve para refletirmos sobre os nossos processos de gestão de riscos.

    Abraços,
    Célia Lima Negrão
    Empresa Brasileira de Correios e Telegráfos – ECT
    Departamento de Planejamento e Gestão de Pessoas
    Brasília – DF

  • Muito bom o artigo, Parabéns!!!!
    Não obstante seguir os procedimentos seja garantia de evitar-se um desastre, reconheço e corroboro de seu pensamento o qual minimiza significativamente um possível dano e muitas vezes evita mesmo o pior.
    Quando Coralina diz: FELIZ AQUELE QUE APRENDE O QUE ENSINA vem ao encontro da importância de aprender e adotar esses procedimentos, como também aprender com os treinamentos/capacitação para refletir e somar ao conhecimento já internalizado.
    A vida sempre continua, então vamos continuar nosso aprendizado nos valendo das pessoas com mais experiência e da TI fantástica que estamos tendo o privilégio de usufruir.
    Enjoy!
    Um abraço de sua aluna que participou de um de seus inúmeros cursos..
    Nazareth Aranha

  • Muito bom artigo, e deixa explícito como o bom desenvolvimento das empresas depende dos pequenos detalhes, e que pequenos erros como não seguir um mapa que é um procedimento primário, podem levar uma empresa inteira para o fundo do mar!

    Ai está o valor de termos preocupação com os controles internos e normas, para termos como nos orientar e assim desviarmos das rochas que podem nos afundar nos negócios.

    Parabéns pela comparação tão apropriada.

    Regina Pereira
    Supervisora de Vendas / DARYUS Consultoria e treinamentos

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