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Solvência das empresas piora com alta dos juros

As condições financeiras mais restritas desde abril, com o início do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central e a desvalorização do real ante o dólar no período, afetaram a solvência das empresas nos últimos meses.

Entre setembro e novembro, os pedidos de falência aumentaram 10,6% em relação a igual período do ano passado. No ano, o número de falências requeridas ainda acumula queda de 8,5%, mas a baixa é menor do que a registrada entre janeiro e agosto deste ano, quando os pedidos acumulavam retração de 14%, sempre em relação a igual período de 2012. Os dados foram divulgados ontem pela Serasa Experian.

O mesmo retrato pode ser observado com as recuperações judiciais, que subiram 41,1% no trimestre encerrado em novembro, enquanto a alta no acumulado nos onze primeiros meses do ano é menor, de 15,6%.

Para Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, dada a piora mais recente dos números, é provável que a tendência de queda mostrada até aqui pelos pedidos de falência seja interrompida no ano que vem, já que a taxa básica de juros deve iniciar 2014 em patamar mais alto e as perspectivas são de alguma piora do mercado de trabalho, o que deve interromper a trajetória de redução da inadimplência observada em 2013.

Rabi pondera, no entanto, que não deve haver piora forte dos números, mas estabilização. “É importante notar que, em novembro, houve queda tanto dos pedidos de recuperação judicial quanto de falências, após um mês de outubro atipicamente ruim”.

Flavio Calife, economista da Boa Vista Serviços, avalia que, no geral, 2013 foi melhor do que o ano anterior, o que explica a evolução positiva dos indicadores de solvência no primeiro semestre, principalmente. A inadimplência caiu, o que beneficia a geração de caixa das empresas, e a economia deve crescer mais neste ano do que no ano passado, diz. Essa mesma avaliação, no entanto, não é válida para 2014 e o elevado nível de incertezas para o ano que vem é um dos fatores que colocam as empresas na retaguarda. “A projeção de crescimento para o próximo ano é menor do que para este, e não temos perspectiva de que a postura dos bancos, de maior seletividade na concessão de crédito [atualmente em vigor], irá mudar”.

Esse é um problema principalmente para as micro e pequenas empresas, dizem economistas. No trimestre encerrado em novembro, os pedidos de recuperação judicial entre as empresas com faturamento de até R$ 4 milhões ao ano subiram 81%, enquanto as requisições de falência aumentaram 6,2%. Essas são as empresas que costumam ter mais dificuldade de obtenção de crédito nos bancos.

Dados do Banco Central mostram que as concessões de crédito de recursos livres (que excluem BNDES, habitação e crédito rural) para pessoas jurídicas caíram 4,7% entre dezembro do ano passado e outubro deste ano, levando em conta a série dessazonalizada e deflacionada pela LCA Consultores.

O economista Wermeson França lembra ainda que uma pesquisa realizada trimestralmente pelo BC mostra que os agentes financeiros projetam aumento da demanda por crédito no quarto trimestre, principalmente entre as empresas de pequeno porte, mas que os bancos não dão indicações de que irão aumentar o volume concedido.

Além das pequenas empresas, as grandes companhias também têm enfrentado dificuldades. Entre setembro e novembro, os pedidos de falências nesta faixa aumentaram 45,6%, enquanto as requisições de recuperação judicial avançaram 26,1%, sempre em relação aos mesmos meses de 2012.

Felipe Galea, sócio responsável pela área de recuperação judicial do escritório de advocacia BM&A, avalia que a concentração dos pedidos no trimestre encerrado em novembro pode ter relação com a desvalorização do câmbio, que afeta tanto pequenas quanto grandes empresas. “Muitas empresas de maior porte tem dívida em moeda estrangeira e mesmo companhias de tamanho menor podem ser afetadas se importarem insumos, já que o repasse da desvalorização cambial para os preços domésticos está mais difícil”.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.