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Sob acusação de fraude, ex-operador do J.P. se refugia em vilarejo francês

A centenas de quilômetros das tumultuadas mesas de operações onde trabalhou com o conhecido “London Whale” (baleia de Londres, em inglês), um ex-operador do J.P. Morgan encontrou refúgio em um vilarejo francês onde poucas pessoas ouviram falar do escândalo de US$ 6,2 bilhões ao qual ele está sendo ligado. Ontem, autoridades dos Estados Unidos acusaram formalmente Julien Grout de crimes relacionados ao escândalo, incluindo fraude eletrônica, conspiração e falsificação de contabilidade e registros.

Mas na ensolarada Sarrazac, um vilarejo com duas dezenas de casas de pedras construídas em torno de uma igreja medieval no sul da França, o caso havia passado praticamente em branco até esta semana. A pitoresca casa de férias dos pais, com telhado de ardósia, grama cortada e um velho Citroën do lado de fora, Grout, o ex-operador júnior do J.P. Morgan Chase & Co., mantém um perfil reservado ao lado da esposa e das duas filhas.

De nacionalidade francesa, Grout foi acusado juntamente com Javier Martin-Artajo, que trabalhou em Londres como supervisor direto de Bruno Iksil, o operador que ficou conhecido como “London Whale” no escândalo do J.P. Morgan em que apostas ruins em derivativos acabaram custando mais de US$ 6,2 bilhões ao maior banco dos Estados Unidos.

Um relatório do Senado dos EUA disse que Grout, que se reportava a Iksil e era o encarregado de registrar os preços das posições da carteira de negociações, alertou seu superior em um telefonema de março de 2012, que foi gravado, que a estratégia de prestação de contas da equipe seria “um grande fiasco” e acabaria em um “grande drama”.

Grout é a pessoa menos graduada atingida até agora pela investigação, mas várias fontes a par do modo de pensar dos promotores públicos afirmam que estes estão tentando formar uma corrente ininterrupta de baixo para cima, até Martin-Artajo.

“Ele acaba de chegar e parece ser um sujeito muito bom”, disse Habib Fenmi, o prefeito de Sarrazac, que esteve com Grout um dia antes e não sabia dos problemas no J.P. Morgan ou do papel que o novo morador do vilarejo supostamente teve no caso. Enquanto isso, Chantal Guerby, dono do restaurante local, descreveu Grout como “um bom sujeito, mas fechado”.

Vizinhos afirmam que os pais de Grout visitam a casa de férias há muitos anos e que Grout também aparecia de vez em quando, vindo de Londres.

A investigação criminal está se concentrando em descobrir se os responsáveis pelos negócios tentaram deliberadamente ocultar as perdas, inflando os valores com que os negócios eram registrados na contabilidade do J.P. Morgan no auge do escândalo. O advogado de Grout, Edward Little, diz que seu cliente não fez nada de errado.

“Estamos confiantes de que ele acabará absolvido de qualquer irregularidade”, disse ele à Reuters em Nova York, antes da acusação. “Ele está na França porque se mudou para lá há vários meses, e não porque esteja fugindo de alguma coisa.”

Grout, que está na faixa intermediária dos 30 anos, não quis responder a perguntas de um jornalista da Reuters em Sarrazac na terça-feira, mas uma fonte a par do assunto já disse que ele vai se oferecer para enfrentar as acusações nos Estados Unidos, sob a condição de obter um habeas corpus.

Do lado de fora da casa de férias da família, o pai de Grout disse apenas “sem comentários”, ao ser perguntado se o filho gostaria de falar. Em uma breve conversa telefônica, após sua mãe dizer que iria perguntar a ele se estava disposto a falar ou não, um homem não identificado disse: “Sem comentários. Adeus. Tenha um bom dia”.

A Reuters informou que Iksil, que ganhou o apelido “London Whale” após fazer apostas descomunais em um mercado de derivativos de poucos negócios, está cooperando com as autoridades americanas e não enfrentará acusações. Não está claro quando Martin-Artajo vai comparecer perante a Justiça nos EUA. O espanhol ainda vive em Londres mas está fora do país em férias de verão.

O Federal Bureau of Investigation (FBI) e a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado dos EUA), juntamente com autoridades do Reino Unido, iniciaram investigações no ano passado sobre as mal fadadas apostas com derivativos. O caso ainda está aberto, mas o J.P. está perto de um acordo com a SEC, que exigirá que o banco pague uma multa e admita suas falhas.

Tudo isso parece muito distante da pequena Sarrazac, localizada em uma exuberante região rural a cerca de duas horas de carro de Bordeaux, onde o silêncio é quebrado apenas pelos sinos da igreja, que soam a cada meia hora. Há um hospital afastado do centro do vilarejo e o comércio local inclui uma padaria e uma imobiliária. Mas nenhum banco.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.