Risco Operacional: Retomada das operações da Samarco não é prioridade, diz Vale
A Vale informou nesta segunda-feira (16) que a discussão sobre a volta das e as questões financeiras da empresa não são prioridade diante das comunidades atingidas e do dano ambiental provocado pelo rompimento de uma barragem da empresa no dia 5 de novembro.
A tragédia em Mariana (MG) na barragem da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues. A lama também chegará ao Espírito Santo e deve afetar os municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares.
O diretor-executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Luciano Siani Pires, falou a investidores e acionistas em teleconferência nesta tarde, ao lado do presidente da empresa, Murilo Ferreira.
“As coisas têm uma sequência, uma ordem de prioridade. Se nós não conseguimos provar que somos capazes, se não conseguirmos reerguer as comunidades, (…) de mostrar que existe um futuro para o rio Doce, que há um plano de recuperação, nós não seremos capazes de obter da sociedade a licença para voltar a operar a Samarco”, disse Siani. “Nosso foco no curto prazo está inteiramente na questão humanitária e social.”
“O obstáculo para que a Samarco volte a operar é mais ligado à sua discussão com a sociedade que a meios técnicos”, afirmou o diretor da Vale.
Situação financeira da Samarco
Siani ressaltou que a “grande incógnita” para o futuro da Samarco são as indenizações às quais a empresa venha a ser submetida. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou a empresa em R$ 250 milhões – valor já superior à cobertura do seguro da empresa para esse tipo de caso.
“Com relação a cobertura de seguros, a apólice contempla um valor expressivo no que diz respeito ao seguro de risco operacional, ou seja, a recomposição dos danos materiais e interrupção dos negócios. Mas, no que diz respeito a responsabilidade civil, o seguro da Samarco é bem inferior aos primeiros valores que estão se discutindo de indenizações, é inferior à própria multa que o Ibama aplicou”, afirmou.
“Até que eventualmente recupere sua licença de operação, a Samarco tem condições de gerar um caixa através da venda de serviços e energia, por exemplo, que seria aproximadamente equivalente aos seus custos fixos minimizados, operando de uma forma otimizada”, disse Siani.
“A grande incógnita para o futuro da empresa e para a questão financeira tem a ver de fato com as indenizações e multas às quais ela venha a ser submetida.”
Não há ‘responsabilidade solidária’, diz Vale
“O nosso entendimento é que não há responsabilidade solidária por parte Vale, no entanto a Vale vai buscar apoiar a Samarco e as comunidades de forma proativa e humana”, disse Siani sobre a responsabilidade da empresa pela tragédia.
Falando sobre a governança da Samarco, o diretor da Vale afirmou que não há “interferência de gestão”, como prevê o acordo de acionistas, mas explicou que existem comitês de assessoramento.
“É uma independência completa e a influência da Vale e da BHP se dá através do conselho de administração, estabelecendo diretrizes que a empresa deve seguir. Temos comitês de assessoramento, consultivos, através dos quais, por exemplo, nós acompanhávamos os reportes da situação das barragens da Samarco”, disse Siani, acrescentando que a situação deverá ser modificada.
“É claro que, daqui pra frente, tendo em vista que o impacto dos acidentes se localizou muito no entorno das comunidades diretamente associadas à Vale, é natural que a Vale tenha um envolvimento mais intenso. Mas no passado realmente a relação da Vale com a Samarco é esta que eu descrevi.”
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