Artigos

Risco de Imagem e Exposição: A internet e a tentação de se gabar

Amigos, família e colegas de trabalho. Eu acho que vocês são fantásticos — só que nem tanto quanto vocês pensam. Considere as suas atualizações no Facebook:

Melhor presente que já recebi do melhor marido que existe.

Nadei 30 minutos em alta velocidade apesar da grande quantidade de Chardonnay que me serviram no avião na noite passada.

Recebi meu primeiro cheque pelos royalties do meu livro!

Velejando no pôr do sol. Depois à luz da lua. Estrelas cadentes para todo lado…Perfeito.

Uma leitura benevolente seria que essas são apenas atualizações corriqueiras. Mas, gente, isso é se gabar, quer vocês reconheçam ou não. E isso está fora de controle. Como foi que isso aconteceu?

A internet com certeza nos deu uma audiência mundial para as nossas gabações, e a mídia social as encoraja. Todo mundo espera que sejamos perfeitos. O resultado é mais pessoas cuidadosamente maquiando sua imagem on-line.

Gabar-se não é um problema somente na internet. Numa sociedade impiedosamente competitiva — onde participantes de reality shows lutam pela aprovação de celebridades e pastores religiosos têm agentes de relações públicas — é por acaso surpresa nós nos promovermos com tanto afinco?

Até certo ponto, a resposta pode ser econômica. Num mercado de trabalho competitivo, a receita é clara: você tem que demonstrar — em múltiplas plataformas — que você é melhor que todo mundo.

Mudanças no modo de criar os filhos também têm o seu papel. Hoje em dia, cada momento — primeiro dia na escola, cochilo no banco de trás do carro — é documentado. O problema é que esses momentos compartilhados podem facilmente ser vistos como exaltações de como papai e mamãe estão criando bem esta adorável criança.

Nós ficamos tão acostumados a nos gabar que nem nos damos conta quando o fazemos. E isso é prejudicial às nossas relações porque desencanta as pessoas.

Então por que continuar?

“Nós nos gabamos porque podemos”, diz Julie Hanks, uma assistente social que tem uma clínica de terapia na cidade americana de Salt Lake City. “E muito mais pessoas estão ouvindo.”

As pessoas se gabam pelas mais variadas razões, diz ela: para parecer merecedoras de atenção ou amor ou para tentar esconder nossas mais profundas inseguranças. Para provar para nós mesmos que somos legais, que as pessoas do nosso passado que duvidaram da nossa capacidade estavam erradas. Ou simplesmente porque ficamos excitados quando coisas boas nos acontecem.

E nós nos sentimos bem falando de nós mesmos. Segundo os resultados de uma série de experimentos conduzidos por neurocientistas da Universidade Harvard e publicados em maio nos Procedimentos da Academia Nacional de Ciências dos EUA, as áreas de recompensa do nosso cérebro — as mesmas que respondem às “recompensas primárias” como comida e sexo — são ativadas quando falamos de nós mesmos. Nós passamos de 30% a 40% das nossas conversas fazendo exatamente isso, indicou o estudo, que não se concentrou especificamente no ato de se gabar, mas de se expor voluntariamente.

Num dos experimentos, os pesquisadores ofereceram às pessoas pequenas quantias de dinheiro para que respondessem a perguntas sobre elas mesmas e sobre outros. Elas geralmente se mostravam dispostas a abrir mão do dinheiro para falar delas mesmas.

Infelizmente, algumas pessoas parecem não conseguir ver a diferença entre compartilhar informações positivas que podem realmente interessar os outros e puramente se gabar. Deixe-me ajudar: Gabar-se envolve comparações, sejam elas declaradas ou implícitas. “É ser arrogante e mostrar um orgulho excessivo”, diz Hanks.

Muitas vezes a gabação só é visível para certas pessoas, como Faith McKinney descobriu durante um piquenique de sua igreja, num domingo recente. A funcionária do correio de Indianápolis, nos EUA, de 45 anos, estava contando a um outro membro da congregação sobre as entrevistas que ela faz com celebridades como freelance de uma revista local de entretenimento, quando sua prima — para quem ela doou um rim alguns anos atrás — disse de repente: “Lá vem ela de novo com sua lista de nomes.”

“Foi um tapa com luva de pelica”, diz McKinney, que admite não perder uma oportunidade de mencionar as pessoas famosas que conheceu, porque ela acha que isso a torna mais interessante.

Ela continuou contando a sua história — e ainda mencionou mais alguns nomes, de propósito. Mas ela se sentiu humilhada, principalmente quando ela se lembrou de que há pouco tempo um outro parente perguntou-lhe por que a sua “cabeçona” aparecia sempre nas fotos de trabalho que ela posta na internet. “Se essas pessoas que me amam estão falando isso, imagine os estranhos.”

Segundo uma pesquisa ainda não publicada da Universidade Columbia, navegar no Facebook ou outra rede social aumenta nossos níveis de narcisismo e a nossa autoestima.

E, embora pessoalmente nós tenhamos uma probabilidade maior de ser mais modestos com nossos amigos e parentes, essas são as pessoas que nós mais queremos que vejam nossas atualizações on-line, diz Keith Wilcox, professor assistente de marketing da Faculdade de Administração da Universidade Columbia, que realizou o estudo. “As opiniões deles são mais importantes”, diz ele, acrescentando que os típicos padrões sociais de modéstia não se aplicam on-line.

“Está se tornando um fenômeno que, quando alguém posta uma atualização e 500 pessoas a veem e ninguém faz uma objeção, então deve ser verdade”, diz Jennifer Mirsky, 45, uma estrategista de conteúdo digital de Nova York.

“Mas poderia ser o caso de todas as outras pessoas terem um marido tão atencioso quanto os heróis dos romances, crianças que combinam a inteligência de um Einstein com o charme irresistível de uma Shirley Temple, e trabalhos cheios de eventos glamorosos?”

Mirsky diz que sua estratégia é simplesmente clicar no botão de “curtir” e seguir adiante.

Então, como devemos lidar com a gabação?

“Tenha pena deles, porque eles estão fazendo essa coisa impulsiva e prejudicial que não as ajudará no longo prazo”, diz Simine Vazire, um psicólogo-pesquisador e professor associado da Universidade de Washington em St. Louis. Pesquisas em autoajuda mostram que as pessoas que se gabam geram uma boa impressão no início, mas que diminui com o tempo.

Quando Ian McKenzie, 30, um professor de Lincoln, no Reino Unido, sai para jantar com sua esposa e seus amigos, diz ele, todo mundo logo começa a se gabar — sobre os gadgets e carros que eles têm, seus filhos, suas férias. “Eu também represento meu papel”, diz ele.

Ele conta a eles que estudou com o Príncipe William. (Ele estudou em St. Andrew, na Escócia, na mesma época, mas nunca conheceu o príncipe.) Ou ele fala da ocasião em que viu a supermodelo Kate Moss. (Ela saiu de um carro perto de onde ele passava; ele não tinha a menor ideia de quem ela era até que sua esposa disse a ele.)

A reação das pessoas?

“Um silêncio completo”, diz ele. “Tomara que o pudim da sobremesa venha rápido e então todos vão correr para a saída.”

Fonte: ELIZABETH BERNSTEIN, WSJ, Valor

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.