Problemas de Compliance e Controles Interno? Como assim na minha empresa tudo funciona
Tenho participado de alguns eventos e fico preocupado como na empresa dos outros tudo funciona, até o dia que um escandalo aparece na midia, em certos casos surgem a tal da recuperação judicial, os pedidos de falencia, os problemas de governança e até diretores que se desligam de suas empresas, para que não relacionem seu nome ao negócio. Mas, será mesmo que isso é possivel, desvincular seu nome da empresa que só cresceu pois relacionam seu nome ao negócio? Basta lembrar de Eike Batista com as empresas “X”, as empreiteiras e agora o banqueiro Andre Esteves do BTG Pactual.
Em nossos trabalhos sempre observo algumas falhas na implementação de compliance e controles internos nas empresas por falta de conhecimento do negócio, uma coisa é ter legislação na mão ou é trazer isso para o negócio e fazer funcionar, tem um “gap” enorme neste item, não basta termos programas de compliance, como sabemos onde esta a efetividade?
Vejo muita gente falando de compliance sem fazer um pequeno link em controles internos, afinal muitos acham que bastam as politicas, normas ou manuais, mas como sabemos se tudo esta sendo seguido sem os controles internos, desvincular os controles do compliance é um erro, e tenho visto muito isso por esse mundo afora.
Para evidenciar isso, apresento um dos principios do controles interno eficaz segundo o COSO 2013 (Committee of Sponsoring Organizations), para as questões de atividades de controle:
“A organização deve implantar atividades de controle por meio de políticas que estabelecem o que é esperado e os procedimentos que colocam em prática as políticas.”
Acredito que este item enfatiza bem o nosso sentimento sobre o tema em discussão. Entretanto, ainda encontramos muitas empresas que ainda relutam na implementação destes processos de governança e gestão dos negócios, mas a cada problema, multa ou falha, exposição na midia, todos correm atrás para implementar os processos.
Um processo de compliance e controles internos necessita envolver a todos dentro da organização, fazer com que a organização seja forte e seus processos estejam sempre em conformidade, mas sem engajamento e comprometimento de todos, é meio compliado, não é impossivel, mas demanda conscientização, aculturamento e envolvimento de todos, principalmente alta administração.
Considerando as avaliações dos controles internos, feitas por uma área de Compliance, Controles Internos, Riscos e Auditoria, que não tenham uma visão de processo, via de regra, é comum que estes profissionais sejam vistos, pelo cliente interno:
- Como alguém que vai se intrometer no trabalho desenvolvido por sua área,
- Dando sugestões e opiniões sobre assuntos que ele desconhece,
- Que por muitas vezes irão prejudicar ou tornar mais moroso o procedimento exercido, sem qualquer razão aparente ou ganho compensatório.
Criticar o trabalho exercido por terceiros, é uma tarefa extremamente árdua, uma vez que ninguém gosta de ter sua função ou procedimento questionados, ou muito menos se este questionamento partir de alguém completamente alheio ao processo. As pessoas têm a tendência a contestar possíveis mudanças em seu trabalho:
- Por considerar que qualquer alteração no seu “dia a dia”, afetará diretamente a sua performance,
- Exigindo uma nova adaptação ou interação,
- De algo que já está totalmente absorvido e,
- Pelo menos em sua opinião, vem se mostrando eficaz.
Por ser alguém totalmente independente ao processo, nós profissionais de gestão de controle e conformidade somos obrigados a conhecer os procedimentos e controles adotados, ou entender que não conhecemos tudo. Dependendo da forma e abrangência aplicadas, poderá representar uma parceria junto ao cliente interno ou uma relação desgastante e nociva à conclusão da eficácia do processo.
Cabe a nós, profissionais de controle e conformidade tornar claro o objetivo de seu trabalho, mostrando a importância de sua colaboração para a obtenção de um resultado que agregue valor ao processo de negócio. Portanto, necessitamos entender que compliance e controle interno buscam desenvolver uma metodologia que possa garantir, com razoável certeza, que sejam atingidos os objetivos da empresa, nas seguintes categorias:
- Eficiência e efetividade operacional.
- Confiança nos registros contábeis/financeiros.
- Conformidade e transparencia na gestão.
Ficamos aqui com nossas sugestões na melhoria dos processos de gestão com utilização mais efetiva dos processos de compliance, controles internos, riscos e auditoria, para que possamos realmente afirmar que possuimos processos de governança corporativa e que nosaa empresa caminha na busca da eficiencia e eficacia dos processos de gestão.
* Marcos Assi é professor e consultor da MASSI Consultoria e Treinamento – Prêmio Anita Garibaldi 2014, Prêmio Quality 2014 e Comendador Acadêmico com a Cruz do Mérito Acadêmico da Câmara Brasileira de Cultura, professor de MBA na FECAP, FIA, Saint Paul, Centro Paula Souza, USCS, Trevisan, entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional”, “Gestão de Riscos com Controles Internos” e “Gestão de Compliance e seus desafios” pela Saint Paul Editora. www.massiconsultoria.com.br
Bom dia, Marcos
Gostaria de parabenizar pelos post que realiza no seu Site, pois tem sido de grande valor para meu aculturamento.
Atenciosamente