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Pine teve perda com Banco Rural

Folhapress / FolhapressO banco Pine, especializado em crédito a empresas, concedeu empréstimos que foram usados na capitalização do banco Rural, instituição mineira liquidada pelo Banco Central em agosto do ano passado. A operação trouxe perdas à instituição.

Dados do balanço de 2011 da Trapézio, controladora do Rural, mostram que em junho de 2010 o Pine concedeu R$ 50 milhões à holding. Esse dinheiro foi injetado na instituição mineira. Com vencimento em 2017, os papéis pagavam remuneração equivalente à variação do CDI mais 4,91% ao ano. A transação, segundo o Valor apurou, contava com a garantia de ações do Rural além de bens de Kátia Rabello, da família controladora do Rural.

Com a liquidação do Rural, o Pine optou por provisionar R$ 41 milhões que ainda tinha a receber da holding Trapézio. Pouco antes de o banco mineiro ser liquidado, o Pine conseguiu receber de volta parte dos empréstimos.

“Tivemos uma despesa de provisão para devedores duvidosos importante por causa desse episódio [o Banco Rural]”, disse anteontem Norberto Zaiet Junior, vice-presidente de finanças do Pine, durante teleconferência com investidores sobre os resultado do quarto trimestre. “O Pine reitera que o empréstimo concedido à Trapézio, holding que controla o banco Rural, em junho de 2010, foi realizado de forma transparente e conforme as regras do sistema financeiro”, afirmou o banco em nota.

Pelo menos três outros bancos também fizeram empréstimos à Trapézio, segundo o balanço da holding de 2011: Mercantil do Brasil, Semear e BMG. Todos, porém, tiveram vencimento anterior à liquidação do Rural.

No caso do BMG, foram três operações de curto prazo, feitas entre novembro de 2011 e janeiro de 2012. Todas elas foram pagas, informa o banco. Por serem operações de 30 dias, não foram utilizadas na capitalização do Rural.

Procurado pela reportagem, o Mercantil do Brasil, que tinha R$ 17,9 milhões a receber da Trapézio no fim de 2011, informou que não se manifestaria por questões de sigilo bancário. Executivos do Semear, que tinha R$ 7,5 milhões na Trapézio, não foram localizados no banco até o fechamento da edição.

Notícia veiculada ontem pelo “O Estado de S. Paulo” afirma que Joesley Batista, controlador do grupo J&F Participações, e Katia Rabello, sócia e ex-presidente do Rural, foram indiciados pela Polícia Federal por suspeita de operações cruzadas de empréstimos entre instituições financeiras. Não é o empréstimo do Original à Trapézio em si que é alvo das investigações, mas sim a triangulação dos recursos com outras empresas do grupo J&F. Nenhum outro banco é citado na reportagem.

O Rural teria feito um empréstimo de R$ 80 milhões à J&F Participações, holding que controla o frigorífico JBS, e à Flora, outra empresa do grupo. O dinheiro recebido pelas empresas teria sido depositado no Original, controlado pela J&F. Depois, o Original teria transferido R$ 80 milhões para a holding Trapézio, que aportou R$ 65 milhões na capitalização do Rural. A transação não trouxe perdas ao Original, já que foi liquidada antecipadamente em março de 2012.

Em nota, a J&F nega ter realizado “operação casada”, dizendo que a transação “ofereceu retornos e garantias consideradas pertinentes pela área de crédito”. “Os gestores da J&F e empresas controladas não têm controle nem acompanham as operações do banco Original, já que são times completamente diferentes e independentes”, afirma. A holding diz que o empréstimo dado à Trapézio tinha datas de contratação e de liquidação e valores diferentes das operações feitas entre o Rural e outras empresas da J&F.

Os controladores do Rural fazem uma afirmação diferentes. “A coincidência de datas e valores faz presumir que tenha havido operação triangular, mas é só presunção. Os encargos financeiros, as datas de vencimento e as liquidações das operações são distintas. O que mostra que são operações autônomas”, disse Mauricio Campos, advogado de Kátia Rabello.

A PF informou que não vai se pronunciar. Alguns agentes, porém, disseram que o indiciamento existe e que o resultado será divulgado “em breve”. (Colaboraram Marcos de Moura e Souza e Tarso Veloso)

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.