Para polícia, desafio é caçar informação ‘volátil’
Na internet, a relação inicial do consumidor já começa fragilizada, porque ele não sabe quem está do outro lado da tela. Enquanto os bancos têm o desafio de educar a população que está ingressando no sistema financeiro para não cair nos golpes mais comuns, as forças da lei precisam estar em constante atualização, diz o chefe da unidade de repressão a crimes cibernéticos da Polícia Federal, Carlos Sobral.
“Diferente do mundo físico, em que a informação é acessível ao investigador por meio de uma pesquisa em cartório, uma ação de vigilância, uma busca na rua, no mundo virtual a informação normalmente não está disponível e a polícia depende de empresas, instituições, muitas vezes fora do Brasil, para levar a cabo as investigações”, diz. Ele conta que, além disso, as informações na rede são voláteis, se não coletadas rapidamente facilmente se perdem e se frustra a oportunidade de encontrar o autor do delito.
Proporcionalmente ao tamanho do sistema financeiro brasileiro, os mais de R$ 940 milhões desviados em fraudes eletrônicas podem não causar espanto, mas esse é um dinheiro que acaba financiando o crime organizado, destaca Sobral. “É um problema de segurança pública.” Ele confirma que, depois do advento do chip, a grande tendência que se observa é a fraude na internet.
Em 2009, a Febraban assinou convênio com a Polícia Federal para auxiliar no combate aos crimes eletrônicos. “Quando um correntista tem uma conta invadida, o banco pode, com autorização prévia, repassar a informação para a polícia, que vai tentar rastrear a operação”, exemplifica o diretor técnico da Febraban, Wilson Gutierrez.
Gutierrez exemplifica que um pagamento de boleto não deve ser nunca feito numa “lan house”. Ele aconselha ainda que o endereço eletrônico do banco não esteja no cardápio de “favoritos” do computador e que o cliente jamais confie em mensagens que peçam recadastramento de conta corrente ou ofereçam promoções maravilhosas com cartões.
Na rede circula, por exemplo, um e-mail com o título: “Participe do programa Surpreenda Visa e MasterCard”, como se as duas bandeiras internacionais fossem uma única empresa. A mensagem pede para cadastrar os cartões em sites específicos para participar de um programa de pontuação. Ao fazer alusão direta à campanha da MasterCard na TV, não é difícil o consumidor se confundir com uma abordagem desse tipo.
Fonte: Adriana Cotias, Valor Economico
