Pacote de financiamento de longo prazo vai fomentar mercado secundário

O vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), Alberto Kiraly, acredita que o pacote de medidas do governo para fomentar o financiamento privado de longo prazo vai possibilitar a existência de um mercado secundário de títulos de dívida privada mais ativo no Brasil, com atratividade para investidores estrangeiros.

Um dos pontos considerados importantes para impulsionar o mercado secundário, especialmente de debêntures, é o chamado fundo de liquidez. Com a possibilidade de utilizar 3% dos recursos do depósito compulsório das instituições financeiras, o fundo funcionaria como um formador de mercado, comprando e vendendo papéis, para criar uma referência no mercado.

“Existe essa possibilidade de se utilizar parte dos depósitos compulsórios para dar liquidez aos papéis. Funcionaria como um market maker, comprando e vendendo papel”, disse Kiraly.

Ele acredita que as medidas lançadas pelo governo no final do ano passado trarão ao mercado brasileiro um “novo público investidor”. “O estrangeiro gosta de papéis de longo prazo e isso vai trazer impacto importante para essas operações. É difícil precisar o quanto vai ser, mas vai ser uma contribuição relevante. Pode ser que a gente tenha movimento mais rápido de alongamento de prazo”, explicou.

A Anbima participou do processo de elaboração das medidas e pode voltar a fazer críticas, dependendo do desenvolvimento do mercado. De qualquer forma, por enquanto, a expectativa é positiva.

O vice-presidente acredita que 2011 será um ano de incremento de negócios no mercado de capitais brasileiro de ofertas primárias, tanto em renda fixa como em renda variável. No ano passado, o mercado de capitais registrou operações no valor de R$ 238,2 bilhões, um incremento de 115% em relação ao ano anterior, tendo sido R$ 150,2 bilhões em ofertas de renda variável e R$ 87,9 bilhões em renda fixa.

“A gente está observando uma tendência muito forte no final do ano passado e esse ano em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e na Anbima. A gente certamente vai estar acima dos dois últimos anos”, acredita.

Atualmente, já há 13 ofertas primárias de ações em análise da CVM. “Isso demonstra um potencial muito grande, com materialização enorme de operações previstas para ir a mercado. Então, a gente vê um inicio de ano muito forte”.

Fonte: Juliana Ennes | Valor Economico