O teste dos CPFs: resgatando empresas em meio à pandemia
Os resgates financeiros – os bailouts – são tão antigos quanto controversos. Em geral, a discussão no âmbito da política pública gira em torno do “risco moral” e dos efeitos que um resgate terá sobre o comportamento futuro dos beneficiários. Nos EUA, a pergunta “Como ter a certeza de que bancos resgatados não tomarão ainda mais riscos no futuro?” embasou a criação da “Volker Rule,” que passou a reger e restringir a negociação de ativos de risco por parte dos bancos. O roteiro da discussão sobre os bailouts em 2008 centrou-se nos temas da culpa (“o desastre foi causado por riscos irrazoáveis assumidos?”) e incentivos (“como mitigar a tentação de tomar ainda mais riscos no futuro?”). Já a questão do que fazer (“resgatar ou não resgatar?”) era evidente: o colapso do sistema financeiro claramente mergulharia o mundo em uma depressão.
Na crise atual, temos uma situação oposta. A questão da culpa parece evidente – a nenhuma empresa ou setor pode ser imputada a responsabilidade pela covid-19. Infelizmente, no entanto, a questão do que fazer é menos óbvia agora do que em 2008. Boa parte das indústrias de transporte, entretenimento, hospitalidade, varejo, turismo e alimentação (para ficar em algumas das mais afetadas) enfrenta tempos duríssimos e
clama por um resgate, mas não me parece óbvio que devamos fazê-lo de forma indiscriminada.
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Por: Daniel Goldberg é sócio-diretor da gestora de investimentos Farallon Latin America. Foi presidente do banco Morgan Stanley e Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça.