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O desafio da proteção

Em uma manhã de janeiro, como faz todos os dias ao chegar ao seu escritório na Vila Mariana, bairro da zona sul da capital paulista, o empresário Marcos Berthault, sócio da Telecem, prestadora de serviços em telecomunicações, deu uma espiada nas imagens de sua residência no outro lado da cidade, na Zona Leste. Aquela verificação logo cedo se tornara quase um ritual de segurança, desde que havia sido assaltado um ano antes. Após o episódio, que lhe rendeu um prejuízo de “alguns milhares de reais”, Berthault decidiu instalar um sistema de quatro câmeras ligadas a um servidor de internet que lhe possibilitava ver à distância e em tempo real as imagens a partir de qualquer computador ou celular.

Naquela manhã, à primeira vista, ele nada percebeu de diferente. Levantou-se, tomou um café e voltou à mesa de trabalho. Uma nova olhadela antes do batente, no entanto, mostrou o que ele mais temia desde o início da vigilância: de um modo suspeito, um carro havia acabado de estacionar bem em frente à sua casa, sobre a calçada. Alarmado, chamou o irmão e sócio Cláudio para ver também. Os dois presenciaram toda a ação pela internet.

Na tela do computador, viram um rapaz sair do automóvel e acionar insistentemente a campainha. Após verificar não haver ninguém no imóvel, o visitante chamou outra pessoa, que passou a forçar a porta com um tipo de ferramenta. Assim que o roubo começou, os Berthault telefonaram para a polícia. “Avisei logo de cara ao atendente: estamos assistindo ao vivo alguns sujeitos arrombando a porta da residência do meu irmão”, conta Cláudio. Em menos de 10 minutos uma viatura da Polícia Militar chegou ao local. Por pouco, os ladrões não foram mais rápidos: tinham acabado de sair quando a unidade da PM os alcançou. Os oficiais conseguiram prendê-los em flagrante.

Para especialistas, o caso do empresário paulistano mostra como a proteção de bens vai muito além do cofre. “Existe um mito de que cofre é sinônimo de segurança. Mas um equipamento desses em casa pode até aumentar o risco para os moradores”, afirma Tatiana Diniz, diretora da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (ABSEG) e proprietária da empresa Cadiz.

Guardar bens – como joias, relógios ou dinheiro – em casa requer mais que uma caixa blindada. “Cada tipo de ambiente exige um planejamento específico, que poderia incluir alarmes, sensores, câmeras e monitoramento externo”, afirma Roberto Costa, diretor de Cursos da ABSEG e consultor da The First.

Ter um cofre é apenas parte de uma solução – entre várias possíveis – para a guarda de bens. E com ressalvas. “Apenas estar dentro do compartimento não significa que os objetos estão fora do alcance. Muitas pessoas deixam de executar procedimentos básicos, como fixá-lo na parede ou no chão”, diz o consultor Marcy de Campos Verde, com especialização Certified Protection Professional (CPP) pela American Society for Industrial Security.

Foi o que aprendeu em fevereiro um empresário da cidade baiana de Cruz das Almas. O comerciante, que tem a identidade mantida sob sigilo pela polícia, guardava parte do faturamento de seu empreendimento em um cofre dentro da própria residência. Durante uma viagem com a família, ladrões invadiram a casa, encontraram o equipamento de segurança e não tiveram dúvidas: levaram-no em um dos veículos que estavam garagem. Semanas mais tarde, a polícia encontrou a peça com a porta arrombada e sem os R$ 180 mil guardados em seu interior.

Em situações nas quais os bens têm valor muito alto – joias de herança, relógios raros, metais preciosos ou itens de coleção – e precisam ser guardados sem limite de tempo, especialistas sugerem até mesmo transformar um imóvel à parte em uma espécie de caixa-forte. “Hoje é comum a blindagem de quartos em um ambiente longe da casa e a criação de sistemas sob medida que podem incluir cofres com leitores biométricos, câmeras e sensores”, afirma o consultor Emir Pinho.

A combinação de soluções como sensores de movimento ou pressão, para identificar uma tentativa de levar o cofre, com câmeras de vigilância remota é uma das recomendações dos profissionais para evitar eventuais roubos. “Em qualquer objeto que a pessoa queira proteger é possível instalar um sensor. E o monitoramento tem de ser externo”, explica Tatiana, da ABSEG.

O risco de perdas de bens guardados em bancos, embora muito menor que em uma residência, existe. Em agosto de 2011, uma quadrilha com 12 assaltantes conseguiu roubar 170 cofres de aluguel em uma agência do Itaú Unibanco, em plena Avenida Paulista, em São Paulo. Durante uma madrugada, o grupo entrou no subsolo para saquear as caixas blindadas. A polícia conseguiu prender, meses mais tarde, vários integrantes do bando. Mas ficou uma preocupação a mais para quem busca segurança para os bens, embora alguns especialistas ainda considerem os cofres bancários a melhor opção, apesar da possibilidade de ocorrências similares.

A consultora Tatiana, da ABSEG, é uma das que defende o aluguel de cofres em instituições bancárias como a opção mais segura, mesmo com a possibilidade de assaltos a agências. “Deixar bens no cofre de casa pode colocar a família em risco”, diz ela. Ou seja, no banco, se acontecer algo, será só com os bens e não com as pessoas.

O consultor Emir Pinho aponta como uma opção para proteção de bens o uso dos serviços de uma empresa especializada em guarda e transporte de valores. Para os casos nos quais a pessoa tenha de manter seus pertences e documentos em segurança por um tempo limitado, esse tipo de custódia pode ser mais vantajosa que as caixas de aluguel dos bancos. As empresas do gênero costumam ter processos mais rígidos que os próprios bancos e mantêm seguro para itens sob sua guarda. “Mas o custo é mais alto que o de cofres de aluguel. Além disso, não seria indicado para quem precisa ter acesso constante aos bens, no caso de joias, por exemplo.”

Quem já montou sua própria solução caseira para a guarda de bens deve ficar atento a alguns pontos. Diversificar os locais é uma das dicas. “A pessoa deve manter dois ou mais cofres. Um dos quais falso, que pode ser usado para dissimular, com conteúdo de algum valor ou com peças de uso dia a dia”, explica o consultor Roberto Costa. Camuflar os equipamentos é outra providência. “Quanto mais discreto, melhor. Um erro é deixar o cofre exposto”, afirma o especialista Marcy de Campos Verde.

Criar processos e controles de acesso é essencial para diminuir os riscos. “O sistema mais moderno vale pouco se as pessoas que têm a ‘chave’ do cofre não estiverem protegidas também”, diz Tatiana Diniz, da ABSEG. Para isso, algumas precauções ajudam, como ter um serviço externo de monitoramento 24 horas, além de treinar e estabelecer limites de acesso aos empregados. Afinal, informações em ouvidos errados podem multiplicar as chances de seu patrimônio virar um alvo.

Fonte: Sérgio Tauhata, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

2 thoughts on “O desafio da proteção

  • Muito boa noite meu caro Marcos Assi!

    Estou comentando para agradecer por sua atitude em ampliar o conhecimento sobre o assunto.

    Profissionais de seu valor enriquecem nosso mercado e fazem crer no aumento do profissionalismo.

    Coloco-me a sua inteira disposiçao.

    Atenciosamente,

    Emir Pinho

  • Emir,

    Meu blog é para isso mesmo, não me importo de divulgar matérias e artigos dos quais são importantes para o mundo corporativo.

    E obrigado pela referencia.

    Valeu

    Marcos Assi

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