Mudanças contábeis e riscos em pauta
O ano de 2011 começa com nova presidente e alguns assuntos econômicos em evidência, como o câmbio e o controle da inflação. O clima otimista que as empresas estavam já ficou no passado – vivemos ela no presente. No segmento contábil, pergunta-se: será que as organizações se prepararam para adotar as normas contábeis internacionais (International Financial Report Standard, conhecidas pela sigla IFRS), que já são válidas para este ano, de acordo com a nova lei?
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) está reeditando, desde o segundo semestre de 2010, vários pronunciamentos com pequenos e relevantes ajustes. E como eles ficam? As companhias de grande porte não precisam se preocupar tanto, pois segundo consta, muitas delas conhecem bem o IFRS/USGAAP/IAS (padrões de demonstrativos contábeis) e já seguem essas normas globais em vários países os quais mantêm negócios ou possuem matrizes.
No entanto, as PMEs (Pequenas e Médias Empresas) necessitam buscar mais informações sobre as mudanças contábeis, pois elas também deverão adotá-las, atendendo a uma nova apresentação das informações e reconhecimento de resultados, provisões e registros.
Por outro lado, não podemos esquecer os novos escândalos contábeis e financeiros, ocorridos em 2010. Por conta disso, como serão tratados agora à Governança Corporativa, os Controles Internos, à Gestão de Continuidade de Negócios, à Governança de TI (Tecnologia da Informação) e à administração dos Riscos Financeiros e Operacionais? Ou nada mudará?
A ausência de planos eficazes para amenizar crises – lembremos que o câmbio é a bola da vez – e lidar com contratempos acaba levando muitos empreendedores a enfrentarem perdas e maus resultados, que seriam facilmente evitados se tivessem um melhor conhecimento do próprio negócio e do mercado como um todo.
Há um bom tempo já são solicitadas mudanças nos processos operacionais dos profissionais de contabilidade, auditoria, governança, conselheiros de administração e gestores. Esta é a hora de realizar adequações, de buscar conhecimento e de identificar profissionais qualificados, que possam prover suporte às empresas e contribuir, de maneira efetiva, para a manutenção e o crescimento do negócio.
Todos ouvem falar sobre gestão de riscos e controles internos, mas quantos têm buscado a implementação ou melhorias? Os fatos do dia a dia, bem como as informações veiculadas pela mídia, demonstram claramente que ainda temos muito a aprender e aprimorar. Não podemos nos transformar em reféns das crises mundiais.
O ano de 2010 acabou com problemas de gestão e fraudes, e 2011 chega trazendo mais esperanças. Tudo isso é ótimo, mas nada substitui a importância de uma maior conscientização por parte dos empresários e dos gestores, da opção pela excelência, do empenho em conquistar confiabilidade e de ter pessoas e meios capazes de colocar cada atividade realizada no seu mais elevado patamar.
Precisamos atuar imediatamente, ou continuaremos reféns de modelos antigos. A busca pelo conhecimento e pelo aperfeiçoamento constante são os meios mais eficazes para construir um Brasil mais próspero e competitivo. E a adoção do IFRS em todas as empresas brasileiras é um passo gigantesco nessa direção.
Por Marcos Assi
Marcos
o artigo e a sintese feita é realmente excelente. Mas acho que faltou um comentário adicional e, principalmente no caso do Brasil. Todas essas mudanças, todas essas novas práticas e políticas contábeis como queiramos chamar, sem o respaldo de uma legislação juridica que, alem de estar alinhada ao que se pretende com a implementação de um Padrão Unico e de Governanças Corporativas mais sólidas, tambem estejam fortemente amparadas à uma politica de combate a corrupção ativa e passiva, e tambem a penalidades realisticas a quem cometer fraudes contábeis ou de gestão, como as que acabamos de ver no Banco de Santos e Banco Panamericano sem falar de outras empresas. A não mudança do nosso sistema judiciário em tais situações, mais uma vez corremos o risco da Contabildiade, Auditoria e Controles Internos ficarem vistos como as áreas que não contribuem para os negócios das empresas e sim apenas exercem a função “policialesca”, conceito esse que perdurou por gerações e gerações e só agora vemos algumas mudanças. Visões estas totalmente diferente dos EUA e Europa onde tais funções são muito mais valorizadas que aqui no Brasil e onde as penalidades são efetivamente mais duras e pontuais.
Abraços