Intesa Sanpaolo vai montar banco no Brasil
O banco Intesa Sanpaolo vai montar uma filial no Brasil, por meio da qual planeja atender empresas italianas instaladas no país e companhias brasileiras com negócios na Europa. Até agora, a instituição tinha apenas um escritório de representação local.
Com forte presença no varejo na Itália, o Intesa Sanpaolo tem como objetivo atuar nos segmentos de atacado e em operações de banco de investimentos, como estruturação de ofertas de ações, emissões de dívidas e assessoria financeira.
“O Brasil é uma das regiões mais importantes do mundo. É uma área geográfica que pode representar uma grande oportunidade para nós”, afirmou ao Valor Gaetano Miccichè, diretor-geral responsável pela área corporativa e de banco de investimentos da instituição. “Ter presença local vai nos permitir estreitar o relacionamento com as empresas.”
Na Itália, o segmento corporativo atende companhias que faturam a partir de € 350 milhões por ano. Embora a filial brasileira não tenha um corte tão rígido, esse também é o perfil de empresas que o grupo pretende atender no país.
Para se instalar no Brasil, o Intesa Sanpaolo adquiriu a Indosuez W. I. Carr Securities, que estava dormente. O negócio foi aprovado pelo Banco Central (BC) em maio, abrindo caminho para a vinda da instituição italiana com uma licença de banco múltiplo.
Os trâmites começaram há dois anos, quando o Intesa Sanpaolo pediu autorização ao banco central italiano para montar uma operação no Brasil. Depois disso, o grupo solicitou as licenças necessárias do BC brasileiro, o que culmimou na compra da Indosuez.
Faltam ser cumpridas, agora, a fase de testes e a auditoria operacional do BC para que o banco possa entrar em atividade. Embora não haja prazo definido para isso, a expectativa de Miccichè é que o Intesa Sanpaolo entre em operação no Brasil ainda neste ano.
O banco terá, inicialmente, capital equivalente a de € 100 milhões no país. “Esse montante pode aumentar dependendo das atividades e esperamos que aumente muito”, disse.
A equipe, que ainda está em fase de contratação, terá entre 30 e 40 pessoas. Gianfranco Giromini, executivo de carreira do grupo, vai comandar as operações no país.
Um dos objetivos do Intesa Sanpaolo é atuar no financiamento a projetos de infraestrutura no Brasil, especialmente na estruturação da engenharia financeira. “Somos muito fortes na estruturação e distribuição de financiamento a infraestrutura”, destacou Miccichè.
Com a chegada ao Brasil neste momento, o grupo italiano vai na contramão de outros bancos estrangeiros, que têm reduzido sua exposição ao mercado local. O desempenho mais fraco que o esperado da economia brasileira, entretanto, não assusta Miccichè. “Nosso foco são grandes empresas e projetos de infraestrutura, e eles não vão diminuir apesar da situação do país, que eu espero que melhore”, disse.
Segundo Miccichè, durante a crise europeia, as grandes companhias foram menos afetadas que as pequenas e médias e continuaram a crescer. Ele espera que isso se repita no Brasil.
O executivo também apontou a necessidade de adequação às regras de Basileia 3, em que há maior necessidade de capital, como um dos motivos para a redução das operações de alguns bancos no Brasil. No entanto, afirmou que o Intesa Sanpaolo está bem capitalizado, o que lhe dá a possibilidade de buscar oportunidades de “crescer de maneira dirigida”.
O Intesa Sanpaolo tinha, no fim de março, € 625,1 bilhões em ativos e € 34,6 bilhões em capital de nível 1. Na Itália, tem 11,1 milhões de clientes e 4,7 mil agências. Como banco corporativo, o grupo atua em mais de 40 países.
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