Inadimplência continua a corroer resultados dos grandes bancos
A história se repete. Mais uma vez, são os calotes que vão dar o tom do balanço dos bancos na temporada de resultados que se inicia na segunda-feira, com os números do Bradesco. Pesquisa da “Bloomberg” feita com analistas mostra que Itaú Unibanco e Bradesco devem registrar ganhos modestos no segundo trimestre deste ano na comparação com igual período de 2011, enquanto Banco do Brasil e Santander mostrarão que os lucros encolheram.(veja tabela ao lado)
Em relatórios, Goldman Sachs, Barclays, Bank of America Merrill Lynch, Deutsche e J. Safra previram que, por mais um trimestre, os créditos não pagos impedirão lucros vultuosos nas instituições financeiras. “Com as taxas de inadimplência ainda altas ao longo do trimestre, prevemos maiores provisões sendo contabilizadas por esses bancos, o que poderia ser a principal causa para a expectativa de retornos sobre o patrimônio líquido menores”, afirmaram os analistas do J. Safra.
Termômetro do mercado, a nota de crédito do Banco Central com dados até maio mostrou um cenário de endividamento nada confortável, dando pistas do desempenho dos bancos. Os calotes continuaram subindo, puxados pelas pessoas físicas. Em maio, a taxa de inadimplência atingiu 6%, com alta de 0,3 ponto percentual na comparação com março. Somado a isso, o crédito também vem crescendo a passos mais lentos. Até maio, o estoque de crédito se expandiu 18,3% em um ano no sistema financeiro, puxado principalmente pelas instituições públicas.
Na bolsa de valores, diante dos dados mais negativos, as ações dos principais bancos brasileiros já estão amargando perdas. O Banco do Brasil, por exemplo, já caiu 13,14% neste ano, o pior desempenho entre os grandes bancos. O Itaú Unibanco recuou 9,98%.
Os analistas estão esperando, por exemplo, que o Santander venha com um volume de provisões acima daquilo que tinha sido projetado, puxadas pela carteira de pessoas jurídicas. Se isso se comprovar, o Barclays acredita que o banco terá de rever sua projeção de lucro líquido para o ano, que previa um crescimento de 15% ante 2011. “O que levará provavelmente as expectativas do mercado a serem revisadas para baixo mais uma vez”, escreveu o Barclays.
Desde a abertura de capital no Brasil, em 2009, por diversas vezes o Santander desapontou investidores com uma expansão do crédito abaixo do esperado. O Goldman Sachs estima que o Santander terá R$ 4 bilhões em despesas para provisões, R$ 1,1 bilhão a mais do que em igual período de 2011.
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