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Governança Corporativa: O desafio de vencer o vício das regrinhas

Disseminar as boas práticas de governança como uma cultura institucional e não apenas como um conjunto de regras “para inglês ver”. Esse é o principal desafio do Instituto de Governança Corporativa (IBGC), na avaliação de Sandra Guerra, que assumiu a presidência do conselho de administração do órgão no começo do ano.

Envolvida no IBGC desde sua constituição, em 1995, e sócia-diretora da Better Governance, consultoria que orienta organizações em implementação de estruturas e processos de governança, Sandra acompanhou de perto as inúmeras transformações que mudaram o retrato do mercado de capitais brasileiro.

Segundo ela, os dez anos de existência do Novo mercado, segmento de listagem da BM&FBovespa com padrões mais rígidos de governança, já deixaram claro que os investidores tem uma melhor percepção das empresas com práticas diferenciadas, o que se traduz em prêmio sobre as ações da companhias listadas sob o selo.

Agora, passada a fase de consolidação, é preciso fazer com que as organizações assimilem internamente os valores embutidos nas boas práticas de governança. O processo, avalia a executiva, é natural. “É como quando começou a obrigatoriedade do cinto de segurança. Tinha gente que só colocava na frente do guarda e hoje é uma coisa natural, que as pessoas fazem em benefício próprio”.

Da mesma forma, acredita, aos poucos, as empresas vão compreender que o ambiente mais seguro para tomada de decisões se converte em benefício da própria companhia.

Para impulsionar o processo, Sandra assinala que o papel do IBGC é promover o debate e levantar “novas fronteiras” nas discussões sobre governança.

Para isso, já neste ano, o instituto pretende organizar fóruns específicos para as diversas classes do mercado de capitais: “Haverá um fórum para presidentes de conselho, outro para diretores financeiros, diretores-presidentes, investidores, auditores e assim por diante”.

Com isso, o instituto pretende identificar quais as questões mais sensíveis e, partir de então, traçar estratégias para aprimorá-las. “A crise de 2008 mostrou que não dá para esperar os problemas acontecerem para correr atrás do prejuízo, é preciso estar à frente”, ressalta.

Um dos temas a ser discutidos nesses fóruns é como assegurar a percepção de valor do Novo Mercado. A questão já foi manifestada pela BM&FBovespa, que recentemente anunciou que usará “critérios de corte” para avaliar as empresas que estão aptas a entrar no segmento de listagem diferenciado, como patrimônio mínimo e o histórico de entregas de documentos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Sandra preferiu não avaliar a decisão da bolsa, mas afirmou que partilha da preocupação: “O Novo Mercado é um diferencial competitivo até mesmo em relação a outros países e batalhamos para criar esse valor. É evidente que a mera perpetuação do selo não vai garantir essa percepção”.

Primeira mulher a presidir o IBGC, a executiva critica a baixa diversidade dos conselhos de administração – de acordo com pesquisa do próprio instituto, em 2011, apenas 7,7% dos assentos em empresas listadas eram ocupados por mulheres. Mas não acredita na eficácia na adoção de cotas. “Caímos de novos no problema das regras. É preciso que o movimento ocorra de forma mais consistente, que os líderes olhem para o conselho de enxerguem o valor da diversidade em seu conceito mais amplo. Gênero é apenas uma das muitas facetas.”

Antes de se preocupar com a composição do conselho, no entanto, a executiva avalia que é preciso pensar no próprio papel do conselho. “O debate se concentra muito em quantos membros, membros independentes e comitês tem o conselho. Antes disso, é preciso melhorar sua dinâmica e fazer com que ele atue realmente de forma integrada e não como a soma de opiniões individuais”, pontua.

Ela reconhece que a atuação do conselho passou por uma forte evolução nos últimos anos, ganhando um papel muito mais protagonista. Porém, admite que, no mercado brasileiro, a cultura marcada pelo controle familiar e donos com mão forte dificulta a separação entre os papéis dos acionistas, conselheiros e executivos. “Os cursos, palestras e iniciativas de orientação do IBGC vão todos os sentido de delimitar esses papéis e valorizar as interações entre esses atores. Essa é a ‘beleza’ da governança.”

Fonte: Natalia Viri, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

One thought on “Governança Corporativa: O desafio de vencer o vício das regrinhas

  • Ótimo texto; a Governança é um ativo intangível importante para proteger a reputação de uma empresa e também para otimizar valor para os acionistas. Para isso, é preciso que as ações sejam identificadas, gerenciadas e estejam de acordo com a estratégia corporativa. Nesse sentido, sugiro conhecer o trabalho da DOM, uma consultoria voltada para a gestão de ativos intangíveis. Segue um link de um artigo que fala mais sobre o tema da Governança http://www.domsp.com.br/midia/ultimos-artigos/valor-para-o-cliente-e-retorno-para-o-acionista

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