Adequação de Capital: Basileia relaxa regras para linhas de comércio exterior
As autoridades reguladoras bancárias globais relaxaram parte das regras de adequação de capital para conter as preocupações dos bancos com as medidas, que poderiam afetar o comércio internacional. O Comitê de Supervisão Bancária da Basileia disse que vai abrir mão de algumas regras sobre as reservas que os bancos precisam manter contra garantias concedidas a importadores e exportadores, de modo a proteger o crescimento nos mercados emergentes.
As mudanças “vão melhorar o acesso dos países de baixa renda aos instrumentos de financiamento comercial e reduzir o custo”, disse o comitê em um comunicado. As alterações “ajudarão a promover” o comércio com essas nações.
Os governos tentam reforçar as reservas dos bancos para impedir uma repetição das turbulências que se seguiram ao colapso do Lehman Brothers e restabelecer a confiança no mercado, abalada pela crise fiscal da zona do euro. As medidas anunciadas vão se aplicar às atuais regras de capital e às propostas de Basileia 3, que vão mais que triplicar o núcleo de capital que os bancos precisam manter.
O Institute of International Finance, que representa os bancos, disse que os planos acertados no ano passado poderiam “colocar em risco o comércio a preços acessíveis de bens essenciais e afetar de maneira adversa o negócio de importação e exportação e os mercados emergentes”.
Uma das mudanças acertadas pelo grupo da Basileia permitirá aos bancos usar instrumentos de capital de prazos mais curtos para garantir as cartas de crédito fornecidas a importadores e exportadores.
Uma carta de crédito de um banco garante que o comprador pagará ao vendedor pontualmente. Essas cartas são emitidas pelo banco do importador e confirmadas pelo banco do exportador. Outra alteração vai reduzir a quantidade de capital que os bancos precisam manter contra as cartas de crédito emitidas por bancos de países de baixa renda.
O comitê decidiu pelas mudanças depois de consultar o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Câmara Internacional do Comércio. O presidente do Banco Mundial Robert Zoellick e o diretor-geral da OMC Pascal Lamy elogiaram as mudanças. “Embora necessário, o fortalecimento dos padrões de cautela para a indústria financeira precisa levar em conta a natureza de baixo risco e o impacto favorável ao desenvolvimento dos financiamentos comerciais”, disseram em um comunicado conjunto.
As mudanças anunciadas não resolvem as “principais preocupações” levantadas pelos bancos britânicos, disse Irving Henry, diretor da British Bankers’ Association. A avaliação é de que o limite ao endividamento poderá levar a um aumento de cinco vezes no capital.
Fonte: Jim Brunsden | Bloomberg, Valor Economico