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Gerenciamento de risco cresce entre empresas abertas

O possível aumento no número de concorrentes, baixas barreiras de entrada no mercado e existência de incentivos para companhias estrangeiras do mesmo setor estão entre os principais fatores de preocupação para a maior parte das empresas brasileiras listadas em bolsa. A conclusão foi feita pela KPMG em estudo obtido com exclusividade pelo Valor.

O levantamento detalha que, entre os dez fatores de risco mais citados nos formulários de referência – documento exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde 2010 -, a ação da concorrência foi apontada por 77% dos participantes. “Monitorar concorrentes com maior intensidade é uma tendência mundial, já que um novo entrante é um componente grande de risco às empresas de um mesmo segmento”, diz Sidney Ito, sócio da área de risco da KPMG. “É uma forma de estar à frente.”

Tamanha preocupação com a concorrência causou estranheza em especialistas consultados pelo Valor, que apontaram possíveis distorções nos formulários de referência, que denotariam uma postura defensiva das organizações.

O estudo levou em conta os documentos cadastrados na CVM de 232 companhias listadas na BM&F Bovespa, abrangendo os segmentos Novo Mercado, Nível 1, Nível 2, Bovespa Mais e as 50 empresas mais negociadas no mercado tradicional.

Apenas nos formulários de referência de companhias de três setores, entre os dez analisados no estudo, as ações da concorrência não apareceram como o risco mais citado. “Independentemente do fato de o risco de novos entrantes ser a maior ameaça de um setor, é natural que exista essa preocupação. Muitas vezes, uma empresa perde mercado e é engolida pelo concorrente”, explica Eliane Lustosa, vice-presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). “Companhias do varejo, por exemplo, costumam ter margens mais apertadas, que podem piorar com novos concorrentes”, diz.

Entre os setores nos quais a concorrência vista como risco aparece em um número menor de formulários, está o de bens industriais, cujas empresas colocam a variação cambial como a maior ameaça. Já no segmento de petróleo, gás e biocombustíveis, todos os participantes citam como um dos principais riscos o de insuficiência do valor ou cobertura dos seguros contratados em caso de incidentes.

Já no setor de utilidade pública, em que se concentram estatais, riscos relacionados à atuação em setor regulado são mencionados por todas as empresas, enquanto que a ação da concorrência não figura entre os dez riscos mais citados.

Desde que a CVM começou a exigir que as empresas de capital aberto preenchessem um formulário de referência detalhando as características de seus negócios, a preocupação com a existência de uma área de gerenciamento de riscos vem crescendo, de acordo com Ito, da KPMG. “Um exemplo disso é o fato de o risco relacionado a conflitos internos de interesse aparecer em terceiro lugar como o mais frequente nos documentos”, acredita. O segundo lugar no ranking dos mais frequentes fica com a preocupação das organizações quanto ao não pagamento de dividendos.

“Há 15 anos, seria muito difícil que uma companhia admitisse a possibilidade de um eventual conflito interno”, afirma Ito, ao dizer que se trata de uma evolução das empresas brasileiras no que se refere às boas práticas de governança corporativa. Para o especialista, a mudança foi estimulada, também, pela exigência dos formulários feita pela CVM.

O executivo afirma que áreas específicas de gerenciamento de riscos aparecem com mais frequência nos setores financeiro, de utilidade pública e de telecomunicações. “Entendo que os motivos para isso são relacionados com a alta regulação, o que também inclui consumo básico, pois este grupo abrange empresas de commodities, principalmente minerais, onde a regulação também é bastante exigente e extensiva”, explica Ito.

Quanto ao setor de consumo não cíclico – que inclui agropecuária, saúde, bebidas e fumo – as áreas internas de gerenciamento aparecem com mais frequência por conta da maturidade da maior parte das empresas”, acrescenta o sócio da KPMG.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.