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Compliance, AML e Riscos: Ações do Standard Chartered despencam após acusação de esquema com Irã

As ações do Standard Chartered caem fortemente nas bolsas de valores de Londres e de Hong Kong nesta terça-feira, após o banco britânico ser acusado pelo órgão regulador máximo do mercado financeiro de Nova York de ter escondido US$ 250 bilhões em transações com o Irã, realizadas durante quase uma década. A informação veio à tona na segunda-feira.

Na principal bolsa de Londres, a London Stock Exchange, as ações do banco perdiam perto de 18,4%, às 10h20 do horário de Brasília.

Em Hong Kong, um dos maiores polos financeiros da Ásia, as ações do banco cederam 14,9%, maior queda percentual desde o auge da crise financeira global, em outubro de 2008. Na mínima do dia, as ações chegaram a cair 21%. A desvalorização fez com que o banco perdesse US$ 8,65 bilhões em valor de mercado.

O Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York disse na tarde de segunda-feira que a licença da subsidiária americana do Standard Chartered poderia ser revogada devido às transações feitas com o Irã ao longo de quase dez anos, inclusive com o banco central e com o governo do país. A sede do banco nos Estados Unidos fica em Manhattan, coração financeiro americano, e está sob supervisão do órgão regulador.

A instituição financeira rejeitou as acusações feitas pelo departamento, dizendo que a quantia em questão foi superestimada. “O grupo não acredita que a alegação feita pelo DFS (sigla em inglês para o Departamento de Serviços Financeiros) representa uma visão completa e exata dos fatos”, disse o banco em um comunicado emitido nesta terça-feira.

O grupo britânico disse que conduziu uma revisão interna nos últimos anos e que sempre cooperou com os órgãos reguladores americanos em relação às suas transações. Afirmou também que o valor total das transações que não respeitaram leis americanas é menor que US$ 14 milhões.

O banco informou que planeja contestar a posição da agência e que está revisando as suas políticas de controle (compliance) e de comunicações com inúmeras entidades reguladoras em relação aos fatos recentemente descobertos.

A agência reguladora do mercado em Hong Kong (Hong Kong Monetary Authority) informou nesta terça-feira que está avaliando as acusações feitas pela entidade de Nova York, para determinar “se há questões que possam ter implicações relevantes para Hong Kong”, disse o órgão em comunicado enviado à “Dow Jones Newswires”.

“Assim como outros grandes centros financeiros internacionais, Hong Kong impôs regras robustas contra a lavagem de dinheiro e contra o financiamento de regimes terroristas, de acordo com padrões internacionais relevantes”, informou um porta-voz do banco central da região autônoma.

O Bank of America Merrill Lynch cortou a recomendação para as ações do Standard Chartered, de “compra” para “desempenho abaixo da média do mercado”, dada a escala das acusações e o potencial de perdas no futuro.

O BofA diz disse que ainda não está claro se as transações identificadas desrespeitavam leis americanas, e que “informações sobre a validade das transações são essenciais antes que possamos começar a quantificar qualquer possível perda.”

O J.P. Morgan considera que o Standard Chartered tem capacidade para absorver possíveis perdas decorrentes de multas, e que o foco recairá principalmente na licença do banco nos Estados Unidos e nas suas operações de liquidação (clearing) de dólares, a sétima maior do mundo.

A companhia de gestão de investimentos Shore Capital informou, em comunicado, que “ainda que (uma multa) tivesse um impacto razoável no lucro do grupo, não teria impacto material no balanço ou no valor da companhia”.

“Entretanto, a possibilidade de a companhia perder a sua licença nos Estados Unidos é muito mais preocupante para nós, tanto do ponto de vista operacional quanto para a sua imagem”, disse a Shore Capital, que colocou a indicação para as ações do banco “sob revisão”.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.