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Fundo propõe desconto aos credores do Cruzeiro do Sul

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) vai propor aos credores do Cruzeiro do Sul um desconto em suas dívidas como forma de encontrar uma saída para o banco que está sob intervenção desde o dia 4 de junho.

Com a recente descoberta de indícios de fraudes no banco, o ativo do Cruzeiro do Sul mostrou-se menor do que aquele registrado em balanço até então, de R$ 12 bilhões. Ou seja, o ativo corrigido após as auditorias é menor do que o passivo, que corresponde às obrigações que a instituição precisa pagar a investidores, como Certificados de Depósitos Bancários (CBDs), bônus no exterior e depósitos a prazo com garantia especial (DPGEs).

Ao aplicar um desconto sobre as dívidas do Cruzeiro do Sul, o FGC, que está gerindo o banco durante a intervenção, procuraria aproximar o valor de ativo e passivo do banco, reduzindo o rombo. Dessa forma, o fundo não teria de financiar – pelo menos totalmente – a venda do Cruzeiro do Sul para outra instituição.

Em recentes operações, o FGC cobriu a diferença patrimonial de bancos problemáticos absorvidos por outras instituições. Esse foi o caso do PanAmericano, comprado pelo BTG Pactual; do Schahin, hoje com o BMG; e do Matone, absorvido pelo Original (antigo JBS). Em todas essas transações, os investidores não sofreram perdas, diferentemente do que pode ocorrer com o Cruzeiro do Sul.

A solução da aplicação de um deságio também evitaria a liquidação do banco. Em caso de liquidação, muitos investidores de papéis de renda fixa e variável podem não recuperar nem um centavo do valor aplicado.

O risco de o banco ser liquidado existe, já que o rombo na instituição deve superar a exposição que o FGC tem no Cruzeiro do Sul, ficando em R$ 2,5 bilhões. Em caso de quebra, o fundo teria que reembolsar os investidores detentores de CDBs e DPGEs em R$ 2,2 bilhões.

Em alguns momentos desde a intervenção, a viabilidade de uma operação de salvamento do banco chegou a ser colocada em xeque. Porém, devido à percepção de que o impacto de uma liquidação pode ser bastante negativo para todo o sistema financeiro, Banco Central e FGC trabalham pelo resgate do Cruzeiro do Sul. O FGC buscará um processo organizado de venda do banco, em uma espécie de leilão entre os interessados.

Segundo o Valor apurou, um dos papéis que podem sofrer deságio, caso os investidores aceitem a proposta, são os bônus emitidos no exterior. Ontem, conforme noticiou a “Bloomberg”, o banco procurou investidores no exterior, pedindo para que detalhassem quem são os detentores dos papéis.

Os bônus externos não têm cobertura do FGC. Os DPGEs contam com garantia até o limite de R$ 20 milhões por investidor, enquanto os aplicadores de CDBs recebem do fundo até R$ 70 mil. Dependendo do volume aplicado pelo investidor, a garantia do fundo tornaria uma renegociação nada atraente.

Procurado pela reportagem, o FGC afirmou que não faria qualquer comentário sobre o banco neste momento. Na próxima semana, no dia 14, o Cruzeiro do Sul divulgará seu balanço, trazendo os números das inconsistências contábeis encontradas.

O Cruzeiro do Sul tem R$ 2,89 bilhões em bônus no exterior, outros R$ 3,6 bilhões em CDBs e R$ 2,28 bilhões em DPGEs, segundo informações do balanço publicado pelo banco com números referentes a março. Fora isso, o banco também é responsável por parte das garantias dadas a investidores que compraram fundos de direitos creditórios, que têm como lastro operações de crédito consignado.

Ontem, os bônus mais negociados do Cruzeiro do Sul eram negociados com uma desvalorização de um ponto percentual em relação à terça-feira. Esses papéis têm vencimento em setembro de 2020 e estão sendo negociados a 31,75% do valor de face. Entre as casas estrangeiras de gestão de ativos que têm bônus do Cruzeiro do Sul em sua carteira estão a gestora americana TCW, que é controlada pelo banco francês Société Générale, e a gestora Moneda Asset Management, a maior do Chile. Na bolsa, a ações encerraram a quarta-feira estáveis na comparação com o dia anterior, cotadas a R$ 1,78.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.