Fraudadores criavam ‘aposentadorias’ em quatro minutos, diz PF
O esquema de aposentadorias fraudadas que tinha seu reduto principal instalado no gabinete da vereadora Elian Santana (SD), da Câmara de Santo André (Grande São Paulo), provocou um rombo de R$ 170 milhões, segundo estimativa da Polícia Federal em São Paulo. Nesta segunda, 26, a PF deflagrou a Operação Barbour e prendeu a vereadora e mais três investigados.
Segundo a PF, os pedidos de aposentadoria eram ‘aprovados’ em apenas quatro minutos ‘sem que houvesse qualquer tipo, aparentemente, de avaliação dos documentos apresentados’.
Além de Elian foram capturados por ordem judicial a chefe de gabinete da vereadora, Luciene Aparecida Ferreira Souza, um intermediário do esquema, Adair Assah e, ainda, Vitor Mendonça de Souza, funcionário público lotado na Agência INSS de Diadema – na residência deste servidor, os agentes federais apreenderam R$ 42 nil e US$ 3 mil em dinheiro vivo.
O suplente de Elian, Vavá da Churrascaria (SD), pode assumir a cadeira.
O nome da operação, Barbour, remete a um cientista que desenvolveu uma tese de que o tempo, na realidade, não existe.
Segundo a Procuradoria da República e a PF, no gabinete de Elian ‘as fraudes eram coordenadas’. O grupo da vereadora ‘aliciava pessoas, a maioria servidores do Banco do Brasil, interessadas em supostos serviços de assessoria previdenciária para antecipar a obtenção da aposentadoria’.
Os envolvidos atendiam os clientes à distância ou presencialmente, na sala da vereadora. Com os documentos em mãos, os criminosos procediam à falsificação de outros papéis para forjar o aumento do tempo de contribuição ao INSS e, com isso, viabilizar a liberação dos benefícios
O repórter Gabriel Prado, da Globo News, informou que funcionários de bancos públicos e privados e, ainda, de empresas de telefonia, apresentavam documentos falsos de insalubridade para agilizar o fechamento de processos de aposentadoria.
O delegado Marcelo Ivo de Carvalho, que integra a força-tarefa da Operação Barbour, destacou que o grupo da vereadora Elian Santana e os ‘candidatos’ à aposentadoria antecipada se reuniam todas as segundas-feiras no gabinete da parlamentar, no prédio da Câmara de Santo André.
Carvalho observou que o esquema compreendia até a falsificação de perfis profissiográficos dos beneficiários. O perfil profissiográfico previdenciário é um documento histórico-laboral.
Segundo a PF, os documentos continham dados adulterados sobre atividades ‘insalubres’ e ‘perigosas’ que os beneficiários jamais haviam exercido anteriormente.