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FGC ajuda a capitalizar o BMG

FGCAo anunciar ontem o desfecho das negociações para a compra do banco Schahin, que estava com deficiência de capital, o BMG surpreendeu ao revelar uma estrutura em que seus controladores, a família Pentagna Guimarães, fará um aumento de capital da ordem de R$ 1,5 bilhão no banco mineiro, elevando seu patrimônio líquido a R$ 3,5 bilhões. A origem dos recursos não foi explicada no comunicado divulgado. O Valor apurou que cerca de metade desse dinheiro virá de um empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) aos controladores, mediante a apresentação de garantias reais. A outra metade virá de recursos dos próprios Pentagna Guimarães.

A tradicional família mineira já vinha se preparando e dando liquidez a uma fatia de seu patrimônio para fazer uma inevitável capitalização no BMG. O próprio comunicado diz que “após esta capitalização, o BMG aumentará suas condições de reter carteiras [de crédito] e reduzirá o volume de cessão de crédito, atendendo à nova regulamentação do Banco Central dos novos processos de contabilização.”

O empréstimo do FGC aos controladores do BMG é de longo prazo, mas os detalhes não são conhecidos. Antonio Carlos Bueno, diretor do fundo, não confirma a existência do empréstimo e limita-se a dizer que “o FGC participou na montagem da operação com as duas instituições”.

Procurado, o BMG também não comentou a operação.

Parte do dinheiro servirá para fechar o déficit patrimonial do Schahin, confirmado ao redor de R$ 800 milhões durante a auditoria em suas contas, feita pela PwC.

Mas parte, como diz o comunicado, fortalecerá a estrutura de capital do próprio BMG para fazer frente à entrada em vigor das novas regras implementadas pelo Banco Central que mudarão a forma de se contabilizar a venda de carteiras de crédito a outras instituições a partir de janeiro de 2012.

O BMG é líder no mercado de crédito consignado – a linha de crédito pessoal com desconto em folha de pagamento – e sempre usou como fonte primordial de captação de recursos a cessão de carteiras a grandes bancos, como o Bradesco.

A praxe até hoje no mercado entre os bancos que fazem a cessão é contabilizar a receita dessa venda “na cabeça”, ou seja, no momento da cessão, o que engorda o patrimônio líquido. Enquanto isso, as despesas do empréstimo e a inadimplência só são contabilizadas no decorrer de seu prazo. Da mesma forma, hoje os créditos são retirados do balanço do banco cedente.

Sob as novas regras, os bancos não poderão antecipar a receita (ela terá que ser acruada, como as despesas) e a carteira terá de ser retida no balanço quando a cessão for feita com coobrigação, ou seja, quando o banco cedente continuar responsável pela inadimplência. O BMG, por sua estrutura de captação, deverá ser um dos bancos mais afetados pela mudança e vem se preparando para isso.

Em maio, o banco divulgou suas demonstrações financeiras de 2010 segundo as regras contábeis internacionais (IFRS), o que deu uma ideia aproximada do impacto que a nova regra do BC teria sobre seu balanço. Por conta da retenção das carteiras cedidas, seus ativos totais saltaram 132% ao fim de 2010, para R$ 26,6 bilhões. Já seu patrimônio líquido caiu pela metade, para R$ 1,2 bilhão. A relação entre ativos e patrimônio ficou em 22 vezes por esse critério, desenquadrando o banco completamente do índice de Basileia mínimo que é de 11% – ou uma relação de ativos sobre patrimônio de 9 vezes. Pelas regras atuais do BC, o BMG havia fechado 2010 com relação de 4,9 vezes, portanto, com folga de capital.

Tradicional família mineira, os Pentagna Guimarães estão em diversos ramos de negócios. Nos últimos anos, a família vendeu participações relevantes em ao menos duas empresas. Na fabricante de material refratário Magnesita, comprada pela GP Investments, em agosto de 2007. Antes disso, no fim dos anos 90, Flávio Pentagna Guimarães, o controlador do banco e presidente do conselho, havia vendido sua fatia de 35% na rede de free-shops Brasif ao sócio Jonas Barcellos Corrêa Filho, que depois vendeu a empresa ao fundo Advent.  Colaborou Aline Lima

Fonte: Vanessa Adachi, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.