E&Y destaca Operação Lava Jato no balanço da Caixa
A firma auditoria Ernst & Young (E&Y) destacou no balanço da Caixa Econômica Federal as investigações que estão em curso no banco por causa da operação “A Origem”, que representa uma das fases da Lava Jato.
Em seu parecer, a E&Y colocou um parágrafo de ênfase em relação ao assunto. Esse instrumento é usado para chamar a atenção do leitor do balanço para determinado assunto, mas não representa um erro nas demonstrações financeiras.
Intitulada “A Origem”, essa operação da Polícia Federal investiga relações entre a área de marketing da Caixa e o exdeputado federal André Vargas (PR) em um esquema de corrupção em contratos de publicidade.
Em relatório, a Caixa diz que internamente começou a apurar “eventuais descumprimentos de leis e regulamentos relacionados ao tema por parte de seus empregados, administradores e fornecedores”.
O banco afirma que “seus administradores e seus empregados não foram notificados sobre qualquer denúncia ou evidência objetiva que não sejam aquelas que envolvam seus prestadores de serviços”.
A Caixa diz que eventuais impactos não seriam materiais aos números apresentados no primeiro trimestre. “Nem há qualquer informação objetiva que coloque em dúvida a boa conduta de seus funcionários, administradores e fornecedores.” As investigações das autoridades, porém, ainda não terminaram, segundo informações do banco.
Procurada pela reportagem, a Caixa afirmou em nota enviada ao Valor que suspendeu as contratações de novos serviços e os pagamentos a empresas envolvidas na investigação da operação “A Origem”, da Polícia Federal.
“A Caixa colabora com as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nos fatos apontados pela Operação Origem. O banco abriu processo de apuração interna com objetivo de verificar o eventual envolvimento de qualquer empregado nas denúncias apontadas, bem como das empresas prestadoras de serviços citadas na operação”, disse o banco.
Pelas demonstrações financeiras apresentadas na quarta feira à noite, que apontaram lucro de R$ 1,5 bilhão do banco federal no primeiro trimestre, a Caixa fez uma reclassificação das notas de risco de sua carteira de crédito que reduziu em R$ 16 bilhões o saldo de operações que tinham rating “AA” o de melhor qualidade, para o qual os bancos não precisam constituir nenhuma provisão para risco de perda.
A maior variação ocorreu na carteira de financiamento imobiliário, com uma queda de R$ 8 bilhões no saldo das operações de risco mínimo. Em dezembro, esse portfólio somava R$ 186 bilhões e, em março, o valor caiu para R$ 178 bilhões.
Como contrapartida, cresceram os saldos das operações com notas “A”, “B” e “C”, que exigem provisão de 0,5%, 1% e 3%, respectivamente mas ainda carregam empréstimos sem atrasos.
Na carteira voltada para crédito comercial, houve redução de aproximadamente R$ 7,5 bilhões nos saldos com notas de crédito “AA” e “A”, as duas melhores, com correspondente elevação dos saldos dos empréstimos com nota “B” e “C”.
Ao longo de 2014, a Caixa seguiu movimento iniciado pelo Itaú e depois por Banco do Brasil e Santander , e reclassificou sua carteira melhorando as notas de crédito dos clientes e empréstimos. Nesse processo, a fatia das operações com nota “AA” saltou de 11% do total em dezembro de 2013 para 43% no fim do ano passado. Agora no fim do primeiro trimestre, com a nova reclassificação, desta vez para baixo, esse índice de créditos de baixíssimo risco recuou para 39% das operações.
Considerando se a carteira de crédito total da Caixa, de R$ 624 bilhões em março, 8,7% das operações estavam classificadas com notas de “D” a “H”, que acusam a existência de atrasos ou risco alto de inadimplência. Um ano antes, esse índice estava em 7,6%.
No primeiro trimestre, a inadimplência do banco federal ficou em 2,86%, uma alta de 0,3 ponto percentual na comparação com os três meses anteriores. Em igual trimestre de 2014, o índice era de 2,6%. Apesar da piora, a Caixa projeta que a inadimplência se mantenha neste ano entre 2,6% e 2,9%.
Segundo Márcio Percival, vice presidente de finanças da instituição, não houve uma única linha responsável pela alta. O executivo atribui o movimento à sazonalidade, mas diz que a carteira de habitação mostrou mais atrasos.
No primeiro trimestre, a Caixa vendeu R$ 1 bilhão em carteiras de crédito. Esses ativos, porém, já tinham sido baixados para prejuízo, portanto, não afetaram o índice de inadimplência.
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