Escândalo de espionagem da NSA prejudica discussões sobre nuvem
As revelações do ano passado de que a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, da sigla em inglês) coletava dados de americanos e estrangeiros provocaram um grande esforço na indústria de TI para tonar a nuvem mais segura, frisou Richard Clarke, CEO da Good Harbor e ex-ciberczar do Estados Unidos, durante o Cloud Security Alliance (CSA) Summit.
O vazamento de documentos durante os últimos oito meses, detalhando as operações de inteligência da NSA, causou um grande dano de imagem à política norte-americana e também problemas à uma série de multinacionais daquele país, sobretudo, aos provedores de computação em nuvem. Esforços para implantar diretrizes de segurança para cloud computing terão que suplantar os trabalhos de outros países que visam a implantar restrições ao armazenamento de dados e ampliar a competição no cenário de cloud, acredita Clarke.
“Empresas de outros países estão usando as revelações da NSA como ferramenta de marketing”, afirma. “Trata-se de uma grande hipocrisia. As pessoas estão surpresas com o trabalho de inteligência dessas agências na coleta de dados.”
Exigir que os provedores de nuvem mantenham os dados armazenados no país de origem (como tem defendido até o governo brasileiro) e não permitir que a informação transite pelos Estados Unidos demonstra, na visão do especialista, apenas um nacionalismo tecnológico e não torna o dado mais seguro. Hospedar informações na Europa tornará o acesso tão simples e fácil quanto deixa-lo nos Estados Unidos ou em qualquer outro país, argumenta Clarke.
“Não estou trazendo nenhum segredo à tona ao dizer que a NSA ou qualquer outra agência de inteligência pode invadir bancos de dados, mesmo que esses não estejam nos Estados Unidos”, afirma. “Se você acha que criar uma lei que determina localização de dados na Argentina, União Europeia ou mesmo na Venezuela irá frear o acesso às informações pela NSA, é bom que você pense melhor.”
Ainda assim, o guru europeu Udo Heimbrecht, diretor-executivo da Agência para Rede e Segurança da Informação da União Europeia, argumentou que dados que trafegam pelos EUA têm sim grande risco de interceptação. “Se você estiver enviando um email da Alemanha para Estônia, não faz sentido ele passar pelos EUA antes”, critica. “E essa é a ideia de manter nossos dados na Europa.”
Fonte: Robert Lemos | InformationWeek EUA