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Empresa é mais afetada por ação no crédito

Embora as medidas de aperto ao crédito adotadas desde dezembro mirassem as carteiras de pessoa física, o que se percebe nas estatística do Banco Central é que o crédito à pessoa jurídica foi o mais afetado. A média diária do volume de crédito novo concedido nos primeiros doze dias de abril (oito dias úteis) recuou 6,9% em relação a igual período de março. A queda foi puxada pelas concessões a empresas, que foram 8% menores. Para pessoas físicas, as novas operações recuaram 5,4%.

Os dados de abril já captam parte do efeito do aumento da alíquota do IOF sobre operações de crédito a pessoa física, de 1,5% para 3%, anunciado em 7 de abril. Antes disso, entretanto, os números já mostravam desaceleração do ritmo de empréstimos, graças a outras medidas de aperto do crédito adotadas em dezembro (exigência de mais capital próprio para empréstimos de longo prazo e exigência maior de recolhimento de compulsório, o que encolheu em R$ 61 bilhões os recursos disponíveis para aplicação em empréstimos e financiamentos).

Segundo informou ontem o Banco Central, o saldo dos empréstimos e financiamentos do sistema financeiro subiu 1% em março e 2,7% no primeiro trimestre, variação inferior à metade da registrada no último trimestre de 2010, informou ontem o Banco Central. O desempenho é bem mais modesto do que observado anteriormente. Desde abril de 2010, ainda refletindo estímulos adotados na reação à crise financeira global, o estoque do crédito no Brasil vinha crescendo a taxas superiores a 5% por trimestre. Só no último trimestre do ano, o aumento chegou a 5,7%, fazendo a variação acumulada em 2010 atingir 20,6%.

Ao longo do primeiro trimestre, as operações com pessoas jurídicas também capitanearam a desaceleração. Nesse caso, o saldo aumentou apenas 0,8% em março e 2% no trimestre, fechando o período em R$ 946,21 bilhões. No trimestre anterior, o BC havia detectado variação de 5,01%.

O estoque de operações com pessoas físicas, por sua vez, cresceu 1,3% no mês e 3,7% no trimestre, atingindo R$ 806,25 bilhões. Também nesse caso, o ritmo de expansão foi mais fraco: no último trimestre de 2010, o crescimento havia sido de 6,52%.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, pondera que parte da desaceleração das concessões de crédito a pessoa jurídica deve ser atribuída a um efeito sazonal típico dos primeiros meses do ano, quando são pagas dívidas tomadas no fim do ano anterior para fazer frente a aumentos de demanda.

Esse desempenho do crédito nos primeiros meses do ano, segundo Túlio Maciel, é compatível com a projeção de 13% de aumento no acumulado do ano.

Outro efeito do esforço do BC para esfriar o crédito foi o encarecimento das operações. Os dados do BC mostram a elevação das taxas de juros finais que se seguiu à subida da taxa básica (Selic). Em três meses, os juros das operações tomadas como referência (metade do total) subiram de 27,9% para 31,3% ao ano, para as empresas; e de 40,6% para 45% ao ano, para as pessoas físicas, fazendo a média geral subir de 35% para 39% ao ano.

Ainda conforme o BC, a diferença entre taxas de captação e de aplicação subiu no trimestre, ajudando a aumentar a taxa final de juros ao tomador. Para as empresas, entre dezembro e março a taxa anual de spread subiu de 17 para 19,6 pontos percentuais. No segmento de pessoas físicas, o spread saiu de 28,5% para 32,4% no mesmo período.

Em março, especificamente, a variação foi de 0,4 ponto percentual para empresas e de 1,2 ponto percentual para o outro segmento. Com o novo IOF, admite o BC, a tendência é de que a distância entre taxas de captação e de aplicação aumente ainda mais.

Também divulgados ontem, os dados de inadimplência não revelaram nada preocupante, na avaliação do BC. No segmento de pessoas jurídicas, depois de subir de 3,5% para 3,6% de dezembro para janeiro, o percentual de operações com parcelas vencidas e não pagas há mais de 90 dias manteve-se nesse patamar até março.

No segmento de pessoas físicas, a inadimplência, no mesmo conceito, subiu 0,1 ponto no mês e 0,2 ponto no trimestre, ficando em 5,9% em março. O BC já esperava que a elevação dos juros provocasse esse ligeiro aumento de inadimplência. O nível de provisões do sistema financeiro, no entanto, é considerado mais do que suficiente para fazer frente a isso.

Fonte: Mônica Izaguirre, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.