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Em busca do lucro, Deutsche reduzirá gastos com salário

O Deutsche Bank, maior banco da Europa em ativos, vai cortar postos de trabalho e rever suas práticas de remuneração para ajudar a melhorar sua lucratividade, no momento em que as exigências de capital aumentam e a crise da dívida europeia demora para ser solucionada. “As práticas de remuneração são uma maneira importante de se conseguir uma mudança comportamental e alinhar os incentivos a um desempenho sustentável de longo prazo”, afirmou em comunicado o banco.

Os co-presidentes do Deutsche Bank, Anshu Jain e Juergen Fitschen, estabeleceram sua estratégia ontem, depois de substituírem Josef Ackermann no comando do banco no fim de maio. A instituição vai aumentar o período de carência para as bonificações diferidas para cerca de 150 membros da cúpula administrativa de três para cinco anos.

O Deutsche Bank também vai nomear uma comissão externa para rever estruturas de remuneração. As constatações vão influenciar a remuneração deste ano. O banco disse ontem que pretende reduzir os custos em € 4,5 bilhões (US$ 5,8 bilhões) para ajudar a melhorar a rentabilidade patrimonial após os impostos de 8,2% em 2011 para pelo menos 12% até 2015.

A instituição, que anunciou em julho a intenção de eliminar 1.900 empregos, vai reduzir ainda mais o número de funcionários, segundo disse Fitschen, sem ser mais específico. Instituições financeiras de todas as partes do mundo estão sob pressão de autoridades reguladoras, acionistas e políticos para que reduzam seus custos de remuneração, uma vez que a maior volatilidade dos mercados e as regras mais rígidas estão afetando a lucratividade.

O Deutsche pretende reduzir as atividades regionais de apoio administrativo e centralizar sua logística, além de reduzir os investimentos em tecnologia da informação. Essas medidas responderão por quase 40%, ou € 1,7 bilhão, das economias planejadas. A instituição também pretende economizar cerca de € 300 milhões com a venda de 40 propriedades e a transferência de funcionários para locais de custos mais baixos. A ação subiu 4,1% em Frankfurt, ontem, para € 33,15, levando a valorização no ano para 13%.

O Deutsche Bank está fazendo o mesmo que seus concorrentes, no reajuste de suas metas de lucro. O Credit Suisse, por exemplo, reduziu sua meta de rentabilidade patrimonial após os impostos para “mais de 15%”, em comparação à meta de mais de 18% estabelecida em fevereiro do ano passado.

O pagamento de bonificações do Deutsche, enquanto porcentagem da receita líquida, caiu de 22% em 2006 para 11% em 2011, segundo o banco, acrescentando que está “comprometido” em reduzir ainda mais as bonificações em relação ao desempenho da instituição. Em fevereiro, o banco disse que reduziu o bolo das bonificações em 17% em 2011 e diferiu cerca de 61% do volume total.

Ontem, Jain, 49, disse a jornalistas em Frankfurt que o Deutsche decidiu não colocar um teto absoluto à remuneração. “Somos parte de um ambiente competitivo”, disse. “Algo do tipo tamanho único não faz sentido.” No ano passado, Jain sofreu o maior corte na remuneração ao conselho de administração, depois de uma queda da receita em sua unidade de banco de investimento e banco corporativo.

Ele ganhou € 5,81 milhões em salários e bonificações referentes a 2011, em comparação aos € 7,55 milhões recebidos no ano anterior, segundo mostram os números apresentados pelo banco em seu relatório anual em março. Fitschen, que comandou as operações do banco na Alemanha antes de se tornar presidente-executivo adjunto, sofreu um corte de 4,7% em sua remuneração no ano passado, para € 2,85 milhões, ficando com a menor remuneração entre todos os membros do conselho, junto dom o presidente da área de banco de varejo Rainer Neske.

Fitschen, 64, disse que o banco já escolheu o presidente de seu comitê externo de remuneração, mas não revelou o nome do escolhido. O comitê incluirá líderes empresariais da Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e da região do Pacífico Asiático. Ele vai formular os princípios básicos e os padrões mínimos para as estruturas e práticas de remuneração futura, além de ajudar a definir o nível apropriado de transparência, segundo informou o banco.

O Deutsche Bank também disse que pretende reforçar seu nível de capital de nível 1 sob os termos do acordo da Basileia 3 para pelo menos 8% até o fim do primeiro trimestre de 2013, e mais de 10% até 31 de março de 2015. As regras mais duras do Comitê da Basileia Sobre a Supervisão Bancária, conhecidas como Basileia 3, que exigirão que os bancos tenham reservas maiores, entrarão em vigor no começo de 2013 e estarão totalmente implementadas até 2019.

O banco eliminou, em julho e em agosto, cerca de € 14 bilhões em ativos ponderados pelos próprios riscos, segundo disse ontem em uma conferência com analistas o diretor financeiro Stefan Krause. O Deutsche Bank disse que pretende reduzir seus ativos ponderados pelo risco em € 45 bilhões entre o fim de junho deste ano e o começo de março de 2013.

A redução entre a metade deste ano e o fim do primeiro trimestre de 2015 será de aproximadamente € 135 bilhões, dos quais cerca de € 100 bilhões estão no banco de investimentos, segundo informou a instituição em seu comunicado.

Em resposta a uma pergunta sobre as investigações de autoridades reguladoras globais sobre o papel do Deutsche Bank no escândalo da manipulação da taxa do mercado interbancário de Londres (Libor), Jain disse que não pode fazer nenhum comentário “final” até as investigações estejam concluídas.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.