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Depois do susto, cenário adverso abre oportunidades

42-15181230Ninguém discorda que gerir recursos de terceiros é uma tarefa difícil, mas o papel do gestor é extrair valor dos movimentos de mercado. O Banco BBM, por exemplo, conseguiu acertar a mão e tem seus fundos entre os mais rentáveis neste início de ano. “Os multimercados só ganham dinheiro quando o gestor consegue antecipar o cenário”, afirma o gestor do BBM Marcelo Muniz. Responsável pelo segmento de renda fixa, ele destaca ainda que é responsabilidade da asset fugir do discurso de curto prazo para ter tranquilidade na hora de construir a carteira.

O amadurecimento do setor, na visão de Muniz, já vem sendo notado. Um sinal disso, segundo ele, é que não se vê mais grandes oscilações no fluxo. Neste ano, até o dia 14, os multimercados captam R$ 6,4 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Na renda fixa, o BBM ganhou com apostas que a inflação iria vir mais pressionada e que as taxas de juros no mercado futuro, por sua vez, iriam subir, conta Muniz. “Acreditamos que o tamanho do problema (inflação) ia ser mais relevante do que atuação do Banco Central”, diz. Ele compartilha da visão do mercado de que há incertezas na condução da política monetária, mas acredita que ela está em padrões razoáveis.

Já no segmento de ações, segundo o gestor de renda variável do BBM, Leonardo Linhares, o banco trabalhava com a possibilidade de o mercado brasileiro encontrar dificuldades para subir. Tanto por conta do cenário local de inflação mais alta, juro para cima e medidas macroprudenciais, quanto pela perspectiva de que os preços na China iriam surpreender negativamente o mercado.

“Tirando os papéis de commodities, os preços já estavam esticados, o que nos levou a ficar zerados em bolsa”, conta o gestor. Nesse cenário mais negativo, Linhares diz que recorreu a operações de valor relativo, como apostas na queda de ações de consumo no mercado local, de um lado, e compra de bolsa americana, na outra ponta.

Mas, a volatilidade verificada nos mercados neste início de ano pode representar boas oportunidades, acreditam os gestores. O presidente do Modal Asset, Alexandre Póvoa, aponta justamente os segmentos de renda fixa e bolsa como os mais promissores. A volta da inflação é ruim para a população, mas pode ser boa para os fundos, argumenta. Dependendo da atuação do BC, as taxas de juros no mercado futuro podem oscilar para cima ou para baixo.

O sócio da Claritas, Marcelo Karvelis, diz que toda essa discussão acerca da inflação, do juro e das medidas macroprudenciais é rica demais e vai significar oportunidades. Já na bolsa, as apostas deverão ser menos no Ibovespa e mais em papéis específicos. Na visão de Linhares, do BBM, o desempenho do mercado de ações estará muito ligado à continuidade ou não do movimento de saída de recursos externos e aos efeitos das medidas locais para o combate da inflação. “Meu foco está no cenário externo, se o dinheiro continuar saindo, isso pode derrubar os preços para níveis mais atraentes”, diz.

O fraco desempenho dos multimercados – em 2010, o índice Arsenal Composto mostrou variação de 9,46% do segmento ante 9,74% do CDI – também deve levar a alguns ajustes. Entre eles, carteiras mais conservadoras tendem a perder espaço. “Com taxas de administração de 1,5% a 2% ao ano, alguns fundos estão se tornando inviáveis”, diz o sócio da Capital Investimentos, Fernando Ganme.

Na opinião do executivo, à frente da área de distribuição de multimercados, ou o investidor vai continuar migrando para alternativas conservadoras mais eficientes, como títulos de renda fixa com isenção fiscal, ou para carteiras mais agressivas, que justifiquem o risco. “O ano de 2011 premiará a competência”, afirma Ganme.

Para Karvelis, da Claritas, é justamente nas estratégias mais agressivas, onde estão as assets independentes, que há espaço para crescimento. “Fundos que tenham meta de retorno abaixo de 110% do CDI serão alvo de críticas dos investidores, a menos que as taxas sejam mais baixas.”

O consultor Marcelo D’ Agosto, autor do livro “Como escolher o melhor fundo de investimento”, acredita que, nesse segmento, a especialização terá cada vez mais peso na hora de selecionar o gestor. “Estratégias consistentes que façam sentido no longo prazo têm mais chance de ganhar espaço, independentemente do tamanho do risco”, acredita. Ele destaca a necessidade de melhorar a comunicação com o investidor, uma vez que as estratégias estão cada vez mais complexas.

Ainda segundo D’ Agosto, a comparação com o CDI não vai levar os multimercados muito longe, uma vez que a relação risco/retorno fica desfavorável quando comparada com títulos de renda fixa como letras de crédito imobiliário (LCIs) ou mesmos certificados de depósito bancário (CDBs). “O multimercado sempre vai ter volatilidade.”

Em termos de mercados, a diversificação dos temas é outra alternativa para os fundos diluírem o risco de operar em mercados voláteis. No ano passado, segundo Ganme, da Capital, os “macro” que foram bem operaram no exterior.

Fonte: Alessandra Bellotto, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.