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Custo da operação do PanAmericano evita colapso do sistema, afirma FGC

FGCNo dia seguinte à venda do PanAmericano para o BTG Pactual, executivos do mercado financeiro se perguntavam: afinal, o socorro ao banco de Silvio Santos acabou tendo de ser suportado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC)? A resposta é sim. Embora os executivos do fundo aleguem que os R$ 450 milhões a serem pagos pelo BTG Pactual e corrigidos anualmente a 110% do CDI cubram, ao fim de 17 anos, os R$ 3,8 bilhões já injetados, está claro que, nesse período, o FGC está abrindo mão da correção desse dinheiro, tanto no que diz respeito à inflação do período como aos ganhos que os R$ 3,8 bilhões poderiam render caso estivessem aplicados.

“Perder dinheiro faz parte do jogo”, reconhece Antonio Carlos Bueno, diretor executivo do FGC. “O que nós fizemos foi trocar um prejuízo a fundo perdido por outro, financeiro, que com o tempo será recuperado.” Bueno se refere aos cerca de R$ 2 bilhões que o FGC seria obrigado a ressarcir depositantes, em caso de quebra do PanAmericano, além da injeção de R$ 2,5 bilhões que já havia sido feita. A solução foi também costurada de forma a garantir a tranquilidade do sistema financeiro. “A liquidação do PanAmerciano teria um efeito catastrófico”, diz Gabriel Jorge Ferreira, presidente do FGC.

Executivos e banqueiros de instituições financeiras de médio porte consultados peloValor concordam que, na hipótese de quebra do PanAmericano, o impacto poderia ser desastroso. A liquidez do mercado interbancário desapareceria, tendendo a provocar um efeito dominó. Segundo Bueno, o objetivo de levar tranquilidade ao mercado foi cumprido. Prova disso é que quatro bancos procuraram ontem o fundo para liquidar antecipadamente CDBs vendidos ao FGC.

Um experiente banqueiro, de instituição de grande porte, disse que o FGC se viu sem alternativas. Na sua visão, a primeira operação de resgate foi um erro, porque foi fechada às pressas e sem as garantias boas. “O Silvio Santos deu um ‘corner’ no sistema bancário. Os bancos ficaram incomodados, mas não tiveram opção a não ser fechar novo acordo, porque já haviam injetado R$ 2,5 bilhões e as cessões de carteira eram falsas.” De certa forma, avalia esse banqueiro, houve um subsídio do setor privado ao setor público, já que a Caixa saiu beneficiada.

Os indícios de que o rombo no PanAmericano seria maior do que os R$ 2,5 bilhões anunciados em novembro do ano passado começaram a surgir há cerca de 30 dias, durante o trabalho de checagem que estava sendo feito por auditores da Deloitte e PWC, além de consultores independentes contratados pelo FGC e técnicos do Banco Central (BC). A perda “extra” de R$ 1,3 bilhão tem boa parte de sua origem (aproximadamente R$ 600 milhões) atrelada a ativos inexistentes. Era comum no PanAmericano que pagamentos antecipados de financiamentos já cedidos a outros bancos não fossem comunicados. Assim seus compradores, normalmente grandes bancos de varejo, acabavam ficando na carteira com ativos inexistentes.

Outro expediente utilizado pelo PanAmericano para inflar os resultados era a cessão duplicada de créditos. Créditos já cedidos a outros bancos e depois renegociados, por exemplo, eram cedidos novamente como se fossem uma operação nova. Portanto, cerca de R$ 600 milhões da nova injeção de recursos feita pelo FGC está servindo para tapar buracos em bancos de varejo que compravam carteiras do PanAmericano.

Aproximadamente R$ 400 milhões que compõem o rombo extra de R$ 1,3 bilhão do PanAmericano têm origem na insuficiência de provisões para devedores. Com o pente fino passado em todos os contratos, foram encontradas diversas irregularidades envolvendo a contabilização dessas provisões: créditos renegociados por conta de inadimplência que deveriam ter sido classificados como “H” – nota atribuída aos ativos de pior qualidade e que, portanto, precisam ser 100% provisionados – eram classificados como A.

Outra parte do rombo, cerca de R$ 300 milhões, se refere a operações de ‘swap’ (troca de indexador), operação geralmente utilizada pelos bancos para proteger recursos captados recursos no exterior contra a variação cambial. No caso do PanAmericano, o custo dessa operação, em vez de ser contabilizado como perda, era registrado como parte do lucro.

Após sucessivos atrasos na publicação do balanço do 3º trimestre do PanAmericano, a expectativa é que ele saia até semana que vem. As contas já estão fechadas e são necessárias 160 horas par processar todos os dados – o que levaria cinco dias úteis.

Fonte: Aline Lima, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.