Crise Financeira: Reforma europeia ameaça crescimento das auditorias
Os novos números do faturamento mundial publicados pela KPMG destacam o grau pelo qual o modelo de negócios das maiores firmas de contabilidade e auditoria está sendo ameaçado pelas reformas que a União Europeia (UE) pretende introduzir.
A rede da KPMG, a quarta maior do setor, informou que suas firmas membros registraram coletivamente US$ 22,7 bilhões em receitas no ano fiscal encerrado em 30 de setembro.
A receita anual foi 10% maior que a do ano anterior, embora se for considerado o desempenho em moedas locais, e não em dólar, o acréscimo tenha sido de 6%.
O aumento foi, em grande medida, puxado pelos trabalhos de consultoria e na área de impostos, que Bruxelas quer regulamentar mais amplamente.
O braço de consultoria da KPMG foi a fonte do crescimento mais acelerado, com uma expansão dos honorários em moeda local de 11%, para US$ 7,5 bilhões. As operações tributárias geraram US$ 4,7 bilhões, um crescimento de 9%. Os honorários arrecadados por sua divisão de auditoria tiveram um crescimento mais modesto, de 2%, para US$ 10,5 bilhões.
As grandes firmas de contabilidade e auditoria se expandiram fortemente na área de consultoria nos últimos anos, por meio de investimentos internos e aquisições – como a compra, pela KPMG, da assessoria em terceirização Equa Terra, alguns meses atrás.
No entanto, os conflitos de interesse passíveis de surgir quando uma auditoria oferece serviços de consultoria ou na área de impostos a seus clientes de auditoria levaram a Comissão Europeia a pressionar pela adoção de restrições rígidas.
Para fortalecer a independência das auditorias, a comissão quer que as quatro maiores – a PricewaterhouseCoopers (PwC), a Deloitte Touche Tohmatsu, a Ernst & Young e a KPMG – desmembrem suas divisões de auditoria como empresas separadas na União Europeia.
A UE também pretende proibir o fornecimento da maioria dos serviços de “não auditoria” aos clientes de auditoria. As Quatro Grandes estão combatendo as propostas, que ainda poderão ser alteradas antes de serem sancionadas em lei.
A KPMG é a última das Quatro Grandes a anunciar os números de suas receitas anuais.
A Ernst & Young registrou US$ 22,9 bilhões em receitas, depois de a Deloitte ter divulgado faturamento de US$ 28,8 bilhões e a PwC ter informado um total de US$ 29,2 bilhões. As redes não revelam os lucros mundiais, e os períodos abrangidos por seus anos fiscais variam.
Por região, as Américas foram a origem do maior crescimento para a KPMG.
Suas receitas no continente aumentaram 9%, em termos de moedas locais, para US$ 7,1 bilhões. Na Ásia do Pacífico – onde a auditoria realizada no passado pela KPMG na Olympus, o grupo japonês pivô de escândalo, passou a concentrar as atenções – a firma registrou um crescimento de 7% das vendas estruturais.
Fonte: Adam Jones | Financial Times, Valor Economico