Crédito a pessoas físicas ainda pesa no resultado de bancos de “middle”
Enquanto boa parte dos bancos médios especializados na oferta de crédito para empresas que tentaram diversificar suas atividades indo para o varejo acabou desistindo, o Banco Fibra caminhou na contramão e partiu para as compras.
O avanço do Fibra no varejo começou com a compra da Paulicred, em setembro de 2009, que tinha uma carteira de veículos de R$ 300 milhões. Em março de 2010, foi a vez de adquirir as operações de crédito para o varejo do concorrente Sofisa, incluindo uma carteira de aproximadamente R$ 400 milhões, com coobrigação.
Mas é curioso notar também que mesmo os bancos que se desfizeram dessas operações de varejo ainda sentem os impactos provocados pelos resquícios dessas carteiras em balanço.
O Banco Paulista, apesar de ter vendido sua financeira Paulicred para o Fibra, ainda conta com uma carteira relevante de financiamentos de veículos – as operações de crédito nessa modalidade somavam R$ 80,9 milhões em junho.
Como as operações de varejo foram cedidas com coobrigação (ou seja, o risco de inadimplência continuou com o banco que cedeu o crédito), os ativos continuaram no balanço do Paulista, pressionando seu índice de Basileia, que era de 11,65%, em setembro – o mínimo exigido pelo Banco Central é de 11%.
No Sofisa, as provisões constituídas para as operações de crédito direto ao consumidor foram de R$ 26,1 milhões, em 2010, equivalente a 20% do total. O saldo das operações de varejo era R$ 896,2 milhões, em dezembro, e as projeções feitas pelo banco mostram que, em dezembro de 2013, ainda haverá uma carteira remanescente de R$ 70 milhões.
Outro banco que desistiu de atuar no varejo foi o Pine. A originação de crédito para pessoas físicas foi interrompida no primeiro semestre de 2008, mas os reflexos deverão ser sentidos até 2015. O negócio de varejo representava apenas 2,9% do portfólio do Pine, mas foi responsável por produzir R$ 41 milhões de despesas líquidas. Caso fossem desconsiderados os efeitos da relacionados à antiga operação de varejo, o lucro líquido do Pine teria passado de R$ 118,3 milhões para R$ 159,3 milhões, e a rentabilidade, de 14% para 18,8%.
Fonte: Aline Lima, Valor Economico