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Conheça o perfil de quem opera o dinheiro da corrupção

Eles são bem relacionados, circulam entre os maiores executivos do país e recebem muito bem por isso. Carregam mochilas ou maletas cheias de dinheiro e são capazes de entregar remessas urgentes em restaurantes de primeira linha, estejam eles no Rio ou em São Paulo. Versados em contabilidade e entendidos no mercado de petróleo, fazem transações no exterior por meio de empresas de consultoria. Eles são os operadores, figuras que não estão nem aí para carteira assinada ou benefícios trabalhistas, sabem que podem parar na cadeia por lavar dinheiro fruto de corrupção e têm diferentes formas de atuação.

No esquema da Operação Lava-Jato, eles ganharam destaque porque atenderam executivos que queriam dar aparência lícita às movimentações de propina que faziam.

— Podemos fazer uma analogia com a química. Eles são catalisadores da operação. Faziam o papel de intermediários dos processos de pagamento de propina. A função básica era fazer com que a propina parecesse dinheiro legal — explicou o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa que investiga o esquema de corrupção instalado na Petrobras.

Mas a figura do operador também foi vista no escândalo do mensalão. Era o publicitário Marcos Valério, condenado a penas bem maiores do que os réus do núcleo político do escândalo.

Conheça o perfil de quem opera o dinheiro da corrupção - Arte/O GLOBO

MÉTODOS E PERFIS DIFERENTES

Dez anos depois desse caso, os operadores parecem ter se profissionalizado.

— Eles são agentes profissionais da lavagem de dinheiro — pontua Dallagnol, destacando que eles atuam de forma altamente complexa e com ramificações internacionais.

Como exemplo, o procurador cita o doleiro Alberto Youssef, que usou técnicas diferentes para fazer a triangulação da propina e assumiu o perfil de “operador financeiro”. Ele repassava o dinheiro da empresa de fachada ao sócio Leonardo Meirelles, que mandava o montante para o exterior em nome de outros clientes por meio de importações fraudulentas (que nunca aconteciam). Em seguida, Youssef recebia o dinheiro em espécie, entregue pelos mesmos clientes a Meirelles no Brasil. Era uma forma de receber a quantia de forma indireta, sem que houvesse uma ligação entre os dois.

— Para o dinheiro chegar aos corruptos, foram usadas técnicas como a transformação do dinheiro eletrônico em dinheiro em espécie — diz Dallagnol.

Na vida de um operador político, outro perfil identificado, jantares jamais são banais, porque supõem encontros com sua lista de contatos. Nesse caso, mais do que dinheiro, é preciso conhecer o mercado, colecionar nomes. E foi isso o que fez Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB no esquema da Petrobras. Também é o caso de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Ambos foram acusados por delatores de terem articulado valores de propina para as siglas.

— É uma função mais de braço, da mão que faz os contatos, que leva e traz. Não acredito que seja um perfil de “cérebro”. É uma interface entre as empreiteiras e a Petrobras. Certamente não foi ele que concebeu nada disso (o esquema), mas alguém pode ter percebido que ele tinha contatos e chamado para essa função — afirma o procurador regional Maurício da Rocha, do Núcleo de Combate à Corrupção no Rio de Janeiro.

Mesmo sendo capazes de formatar aditivos de contrato, os operadores não estão no topo da hierarquia da corrupção e, às vezes têm que cumprir missões bem menos glamourosas, como a de entregar o dinheiro desviado.

Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da Petrobras, já apontou o engenheiro Mário Goes como um operador do tipo leva e traz. Em seu depoimento, disse que ele “entregava umas mochilas com alguns valores” a executivos.

Até agora, já foram relacionados pela Justiça 14 operadores. Onzes deles foram denunciados na nona fase da Lava-Jato. Caso sejam condenados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, podem ficar até 16 anos na prisão.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.