Com renúncia de diretor-presidente, UBS enfrenta nova turbulência
A renúncia do diretor-presidente do UBS AG, Oswald Grübel, joga novamente o maior banco da Suíça na turbulência, levando-o a enfrentar um problema duplo: renovar um banco de investimentos assolado por crises, e encontrar um diretor-presidente permanente.
Em um novo golpe para o conturbado banco, Grübel renunciou na manhã de sábado, na esteira de enormes prejuízos em transações mobiliárias, supostamente causados por um operador na divisão de banco de investimentos do UBS em Londres. O conselho do banco nomeou Sergio Ermotti, chefe das operações na Europa, como diretor-presidente interino, a tomar posse de imediato. A busca de um executivo permanente para o cargo está em andamento, com o conselho do banco considerando tanto candidatos internos como externos, disse o presidente do conselho, Kaspar Villiger.
A demissão inesperada de Grübel priva o UBS de um banqueiro veterano que conseguiu fazer muito para restaurar a imagem do banco, um dos mais atingidos pela crise financeira. Desde sua chegada ao UBS, em fevereiro de 2009, ele tirou o banco de um prejuízo de 19,7 bilhões de francos suíços (US$ 21,8 bilhões) em 2008. Ele também resolveu um escândalo de evasão fiscal muito prejudicial à empresa, envolvendo alegações por parte de autoridades americanas de que banqueiros do UBS teriam ajudado clientes americanos a sonegar impostos; o UBS admitiu irregularidades, como parte de um amplo acordo. Grübel também conseguiu deter o fluxo de investidores abastados que deixavam a enorme divisão de gestão de fortunas do UBS. Mas Grübel ainda não tinha conseguido estabilizar completamente um banco que vem sendo golpeado por crise após crise desde 2007.
Agora Ermotti, que é o terceiro diretor-presidente do UBS em quatro anos e entrou no banco há apenas cinco meses, recebeu a tarefa de reestruturar um banco de investimentos que, antes do escândalo do trader, já lutava com novas regulamentações e uma nova e acirrada concorrência. Ele também precisa restaurar o moral dos funcionários e evitar um novo êxodo de investidores ricos da divisão de gestão de fortunas. E vai fazer isso, mesmo enquanto o conselho ainda analisa se vai confirmá-lo no cargo ou nomear outra pessoa.
A demissão de Grübel “certamente não é boa para a continuidade do banco, e é isso que é necessário neste momento”, disse Tobias Straumann, professor da Universidade de Zurique, que serviu como especialista externo para analisar as deficiências do banco no cumprimento às normas, fato que originou US$ 50 bilhões em baixas contábeis de títulos em 2008 e 2009. “Potencialmente, a renúncia é desestabilizadora.”
A UBS anunciou no início do mês que um trader de Londres causou um prejuízo total de US$ 2,3 bilhões devido a transações não autorizadas. Pessoas a par da situação dizem que Kweku Adoboli, de 31 anos, que foi preso no início do mês em Londres e é acusado de fraude e contabilidade falsa, é o operador em questão. Adoboli ainda não se declarou culpado nem inocente.
Grübel havia dito, uma semana antes, que não tinha intenção de renunciar devido ao escândalo do trader. Mas ao chegar em Cingapura na terça-feira, para vários dias de reuniões entre altos executivos e o conselho do banco, ele começou a reconsiderar a ideia, segundo pessoas a par do assunto.
Fonte: Deborah Ball e Dana Cimilluca, WSJ