Com Central de Exposição a Derivativos (CED), cai risco com derivativos
A Central de Exposição a Derivativos (CED) entrou em funcionamento ontem com a realização da primeira consulta sobre a posição de uma empresa aos contratos.
A CED, lançada oficialmente em dezembro de 2010, é uma empresa sem fins lucrativos criada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) com o objetivo de unificar em um mesmo sistema as posições em derivativos das empresas registradas na Cetip e na BM&FBovespa.
A partir dos dados fornecidos pela CED, os bancos vão poder saber qual é a exposição de uma companhia a derivativos antes de fechar alguma operação financeira. Isso pode evitar que a instituição assuma um risco maior do que aquele inicialmente estimado, como o ocorrida com a Sadia e com Aracruz, em 2008.
Segundo informações da Febraban, a central entrou em funcionamento com a adesão de oito instituições, que, juntas, representam 90% dos ativos do sistema bancário brasileiro. Outros cinco bancos estão agora em processo de adesão e cinco avaliam o ingresso no sistema. A expectativa da Febraban é que até maio 25 bancos façam parte da central, sendo que o mercado potencial é estimado em cerca de 60 instituições.
Para atingir o objetivo de verificar a exposição das companhias aos derivativos, porém, a CED também depende da aprovação delas. Por causa do sigilo bancário, nenhuma informação pode ser liberada sem o consentimento da empresa cliente.
“Como as companhias ainda conhecem pouco a CED, neste momento, os bancos estão trabalhando para esclarecer o objetivo da central, que é dar maior transparência ao mercado. É um processo gradual”, afirma Renato Pasqualin, diretor da CED.
Teoricamente, os custos para as empresas na contratação de serviços financeiros podem cair, por exemplo, a partir do momento que o banco conhece melhor o risco ao qual está exposto.
O sistema permite que o banco veja as posições de uma empresa a quatro tipos de derivativos: taxas de juros, moedas, índices e commodities.
Depois de solicitar esse tipo de informação à CED, uma ordem é emitida eletronicamente à Cetip e à BM&FBovespa, onde os dados são capturados. Depois de repassados à instituição solicitante, os dados desaparecem da CED.
“É um retrato fechado, que mostra uma posição do dia anterior, mas, com o tempo, imaginamos que o sistema será aperfeiçoado a partir da demanda das instituições”, diz Pasqualin.
A expectativa da CED também é que o sistema traga uma contribuição para o próprio mercado de derivativos no Brasil. Hoje, o estoque de contratos no país é de R$ 4,6 trilhões, o que equivale a 1,5 vez o Produto Interno Bruto (PIB). É um volume inferior à média internacional, que é de dez vezes o PIB.
Fonte: Carolina Mandl, Valor Economico