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Caixa terá juro de 1,35% no cheque especial

Após o Banco do Brasil provocar a concorrência com juros baixos, chegou a vez de a Caixa Econômica Federal surpreender com uma abordagem ainda mais agressiva.

O banco reabre na segunda oferecendo pacotes inéditos para clientes vindos de outros bancos e taxas de cheque especial que começam em 1,35% ao mês há duas semanas, a média era 8,01%.

A Caixa distribuirá aos correntistas de outros bancos formulários para “migração” da conta-salário e oferecerá linha de financiamento chamada “Crédito Azul”, pela qual o cliente poderá quitar a “dívida cara” na concorrência e se refinanciar com juros menores no banco estatal.

Apesar de o Banco do Brasil ser o maior banco brasileiro, a Caixa tem mais capacidade de abordar clientes de outras instituições.

Além de ter 80% do crédito imobiliário no país, ela recebe clientes de outros bancos porque é a gestora do FGTS e implementa serviços sociais do governo, como pagamento de seguro-desemprego, PIS, Bolsa Família e o Fies (crédito estudantil). Juntando tudo, o banco tem 56,8 milhões de clientes -quase 30% da população do país.

Bancada pela presidente Dilma Rousseff, a iniciativa dos bancos públicos visa estimular a economia por meio do consumo e forçar Itaú, Bradesco e Santander a reduzirem suas taxas sob o risco de perderem mercado, como ocorreu na crise de 2009.

Se o BB informou que cobrará 3% ao mês no chamado rotativo do cartão de crédito (quando o cliente não paga a fatura integral) apenas no caso de clientes de outros bancos que aderirem ao BB, a Caixa atacará com um piso de 3,97% ao mês para todos nessa modalidade.

No caso do crédito com desconto em folha de pagamento (consignado), o piso será de 0,84% ao mês, praticamente a mesma taxa de 0,85% que será cobrada pelo BB para aposentados do INSS, linha conhecida pelo baixo risco de calote.

Para crédito pessoal, num financiamento de R$ 15 mil em 36 meses, as taxas irão variar entre 2,33% ao mês a 2,53%. A Caixa também anuncia na segunda uma linha de crédito de R$ 8 bilhões para capital de giro direcionado a micro e pequenas empresas.

Para divulgar a redução nos juros, a Caixa fez um anúncio de 30 segundos na TV, estrelado pela atriz Camila Pitanga, batizado de “Caixa Melhor Crédito”.

GERENTES TREINADOS

Em São Paulo, os gerentes da Caixa receberam ontem um folheto com o material de divulgação do corte nos juros, intitulado “Corte Histórico de Juros na Caixa”, com a atriz Camila Pitanga como garota-propaganda-ela já havia sido a estrela do comercial que mostrou os resultados de 2011 do banco.

A ideia da ofensiva da Caixa, segundo comentou um gerente, é captar aqueles que ainda não são clientes, oferecendo algumas vantagens para que estabeleçam um vínculo sólido com a instituição financeira.

A Caixa promete anunciar um novo sistema para estimular a portabilidade, mecanismo em que o cliente transfere pagamentos e dívidas de um banco para outro.

A “portabilidade de dívidas” está disponível desde 2007, mas ainda não decolou. Isso porque, quando um cliente deseja migrar o empréstimo de um carro, por exemplo, tem de arcar com todos os custos burocráticos e cartoriais, o que anula ganhos com redução de juros.

Procurados, Itaú e Bradesco disseram que estudam medidas semelhantes. O Santander afirmou que já tem reduzido as taxas para manter sua competitividade.

Cliente deve barganhar taxa com o gerente

Para se beneficiar do aumento da concorrência, o cliente deve procurar o gerente do banco para barganhar taxas e condições melhores. Se não conseguir, deve levar sua conta a outra instituição que ofereça vantagens.

Mesmo o cliente do BB e da Caixa não tem qualquer garantia de que será premiado com as novas taxas.

Em ambos os bancos, as melhores condições são oferecidas para aqueles clientes que vierem de outras instituições por meio da conta-salário, mecanismo criado pelo BC que permite a um cliente levar seus vencimentos ao banco de sua escolha.

“Não espere que os juros caiam por si só. O cliente deve ser proativo e tomar a iniciativa de barganhar uma taxa melhor com o gerente. O banco vai segurar o bom cliente”, disse Miguel Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças).

A assessora técnica do Procon-SP Cristina Martinussi lembra que mudar de banco é muito diferente de trocar de supermercado devido a “amarras” como contas em débito automático e as faturas de cartão de crédito. “Não é tão fácil assim trazer concorrência aos bancos. Mas o cliente pode pesquisar e negociar taxas”, disse.

Sucesso da medida depende da análise de risco

A qualidade dos empréstimos concedidos pelos bancos públicos sob a nova política de juros vai definir a sustentabilidade ou não da medida, dizem economistas ouvidos pela Folha.

Há riscos de crescimento da inadimplência caso a redução das taxas venha acompanhada de uma flexibilização dos critérios de análise de concessão do crédito.

“É preciso aguardar para ver como a nova política de taxa de juros vai ser posta em prática”, afirmou Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings.

“Se esse crédito não for bem dado, pode repercutir na inadimplência dos bancos.”

Apesar disso, segundo o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho & Associados, há espaço para os bancos reduzirem suas taxas de juros.

“A trajetória cadente da Selic e o aumento do spread bancário nos últimos meses abrem uma margem favorável para essa redução ao consumidor”, afirmou.

Para Fábio Silveira, da RC Consultores, a medida vai evitar um desaquecimento maior da economia no segundo semestre. “Estimular o consumo produz efeitos mais rápidos do que incentivar o investimento”, disse.

Fonte: MAELI PRADO, TONI SCIARRETTA, FABIO MAZZITELLI, CLAUDIA ROLLI e MARIANNA ARAGÃO, Folha de S.Paulo

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.